19.2.10

UMA IGREJA SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS - UMA IGREJA QUALIFICADA PARA DEUS

TEMA: 
UMA IGREJA SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

MENSAGEM:
UMA IGREJA QUALIFICADA PARA DEUS

TEXTO BÍBLICO:
Efésios 5.27:
“Para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante; porém santa e sem defeito”

TÓPICO FRASAL: “Uma autêntica Igreja segundo o coração de Deus deve possuir a qualificação descrita na Palavra, não tendo mancha ou ruga, mas possuindo santidade e perfeição; tais características só são possíveis com a ligação da mesma a Cristo através do Espírito Santo”

INTRODUÇÃO

Na vida realizamos muitas escolhas: a profissão que seguimos, os cursos que teremos, a esposa ou o marido com quem nos casamos, a casa e o bairro onde moramos, a igreja que freqüentamos, a comida que pedimos, as roupas que usamos, etc. Conquanto parte dessas escolhas não sejam inteiramente do nosso agrado, sempre que podemos optamos por algo que nos seja melhor, mais agradável, que traga conforto e plena realização. Nós fazemos questão de escolher; as escolhas são um reflexo de nosso próprio interior.

No caso do cônjuge, levamos em consideração uma série de fatores, caso tenhamos pedido a orientação de Deus: se a pessoa é temente ao Senhor, se possui um bom caráter, se o seu temperamento é compatível com o nosso, se a sua cultura é adequada, se tem meios econômicos suficientes, se compartilha de ideais semelhantes, etc. Uma boa escolha aqui redundará na formação de uma boa família para o futuro.

Cristo também escolheu uma Noiva com quem casar-se, simbolicamente falando. Aliás, a Igreja é a Sua noiva e Ele faz questão de tê-la com todas as qualificações que julga adequadas, tanto negativa quanto positivamente. O texto bíblico em epígrafe diz mais ainda: Ele a apresenta de Si para Si mesmo, ou seja, Ele mesmo a prepara para o Seu próprio casamento. Ele a orna, Ele a veste, Ele a purifica e a glorifica. Ele tem direito, pois conquistou-a através de Sua própria vida doada na cruz. Ele pagou com a vida o amor e a exclusividade da noiva. Ele é digno de escolher como deve ser essa noiva.

E que noiva é essa?

É a Igreja dEle. Igreja, “chamados para fora”, assembléia do povo de Deus reunidos por Ele e com a presença dEle. Conquanto o vocábulo EKLÉSIA significasse na antiga Grécia uma reunião política, um ajuntamento para fins específicos, até mesmo o ajuntamento de judeus numa sinagoga, tomou o sentido de povo remido por Cristo, reunido no nome dEle para fins de adoração, serviço e evangelização. Onde dois ou mais se reúnam no propósito de adorar, servir e evangelizar por Cristo, ali está uma Igreja de Cristo. Referir-se à Igreja, neste caso, ainda que aponte para a igreja local (comunidade específica de cristãos), o título é atribuído à Igreja como um Corpo Místico universal, o povo de Cristo em toda a parte e lugar, e até à Igreja Triunfante (o povo de Cristo de todos os tempos e lugares).

Essa igreja, manifesta concretamente em comunidades locais alicerçadas em Cristo, para ser de fato Igreja digna do Nome do Senhor, precisa ter algumas qualificações insubstituíveis, algumas características distintivas que a façam relevante e adequada ao título e à consideração do Mestre. Ela deve ser uma noiva apropriada, uma donzela preparada para o casamento mais especial de toda a história do universo.

Consideremos duas qualificações negativas, isto é, duas coisas que a Igreja do Senhor não deve ter em hipótese nenhuma:

I – A IGREJA QUALIFICADA NÃO DEVE TER MÁCULA

Diz-nos o texto sagrado que a Igreja do Senhor não tem mácula. O termo “mácula” significa “mancha”, “sujeira”, “nódoa” e traduz o vocábulo grego SPILOS.  O Apóstolo Paulo afirma que a igreja do Senhor não tem sujeira, manchas, borrões. Uma noiva deve estar totalmente limpa, com vestes puríssimas e com o corpo limpíssimo. A igreja também é limpa, lavada, pura, sem sujeira, pois purificou-se no sangue de Seu noivo, o Cordeiro de Deus. Conquanto formada por pecadores – e "não há um justo sequer", diz-nos a Escritura! – estes foram justificados pelo sacrifício vicário de Cristo e purificados pela Sua morte e ressurreição. Foi a graça e não o mérito, que fez do povo da igreja um povo qualificado. Esse povo não está mais sujo ou contaminado.

Faz-se relevante pensar na importância de uma igreja manter-se no mundo, mas fora do mundo. Como afirmou o Senhor, “estamos no mundo, mas não somos do mundo” (cf. João 17.16). Na oração sacerdotal do Senhor, clamou Ele ao Pai: “não peço que os tires do mundo, mas que os livre do mal” (idem,  17.15). Uma igreja bíblica jamais se sentirá absolutamente enquadrada no presente século; se assim fizer demonstrará não ser parte da Noiva do Cordeiro. O povo de Deus é  “peregrino”, é como Abraão, que não chegou à Terra Prometida. Não devemos “lançar raízes” neste mundo. Nossa estada aqui é testemunhal, é evangelizadora, é solidária com os que sofrem; o sistema e a mentalidade deste mundo não nos agradam, não são compatíveis com aqueles que amam ao Senhor.

II – A IGREJA QUALIFICADA NÃO DEVE TER RUGA

“Sem mácula nem ruga”. Assim como não há sujeira, algo externo que danifica a pureza, também não há defeito interior, “rugas”, “RUTIS”, no grego, significando “defeito, contração, encolhimento”. O sentido é de ser um sacrifício sem defeito, oferecido ao Deus perfeito, como no Velho Testamento, no sistema sacrificial do Templo de Jerusalém e das prescrições mosaicas. Era importante oferecer a Deus um sacrifício “sem defeito”, simbolizando “o melhor”.

Assim também a Noiva do Cordeiro de Deus é isenta de defeitos em si, não por ela, mas pelo próprio Cristo, que a salvou, lavou, purificou e transformou. Trata-se de uma graça, de um carisma, de uma dádiva do próprio Deus, que não apenas nos salva mas nos capacita para uma apresentação digna diante dEle. A sua perfeição tem o objetivo de ser a noiva do seu tão amado Senhor. Ela é linda, é bela, é maravilhosa, em tudo é formosa.

A formosura da Igreja do Senhor vem de sua natureza transformada "na semelhança de Cristo" e da transformação que o Senhor nela operou. Aliás, o próprio “linho fino” que receberemos na Glória é o símbolo “dos atos de justiça dos justos”, conforme  Apocalipse 19.8.

Ah, como é bela a Igreja fiel! Fiel na doutrina, fiel no ensinamento, fiel na santificação, fiel na dedicação! Como é bela a igreja que ama a Cristo, que respeita as coisas de Deus, que honra os bons costumes, que testemunha a metamorfose existente na vida dos salvos! A falsa noiva não é assim; antes, é deformada, cheia de rugas e defeitos. São rugas de ingratidão, de ódio, de rancor, de desespero. Igrejas apóstatas que não se satisfazem com o Reino do porvir, mas que amam a Mamom e ao seu império nefasto, que transformam Deus num serviçal, que fazem do dinheiro e da saúde os objetivos da vida, que tiram Deus do Seu trono e assentam-se gloriosamente como se fossem divinas! Igrejas assim são mais comparáveis à Jesabel de Apocalipse do que à Sunamita de Cantares de Salomão.

Há de se considerar essa Igreja qualificada no seu sentido positivo também. Afinal, uma igreja fiel não é apenas aquela que não é suja ou defeituosa; ela tem características distintivas no meio das demais, como as jóias diferem das bijouterias numa vitrine:

III – A IGREJA QUALIFICADA DEVE SER SANTA

A palavra “santa”, aqui utilizada denota o mesmo sentido do sacrifício separado para Deus, a parte especial, algo absolutamente consagrado, “AGIASMOS”, no grego.

Há de se ter a consciência de que a Igreja é a agência de Deus no testemunho de Cristo à humanidade. A igreja está no mundo, mas não é do mundo. O cabeça da Igreja é Cristo; não há espaço para nenhum outro cabeça, nenhum outro primaz, nenhum outro apóstolo. Aliás, disse-nos Jesus que “só um é vosso Mestre, só um é vosso Pai, e todos vós sois irmãos" (Mateus 23.9-10). Se há um que pastoreia ou outro que ora, e ainda um outro que preside, todos são “cooperadores e lavoura de Deus”, (cf. I Coríntios 3.9)

Houve tempo em que a igreja influenciava a sociedade, a cultura, as famílias e a sua própria época. Hoje, infelizmente, por falta de santidade, as igrejas estão equiparando-se a grandes redes atacadistas de bênçãos, vendedoras de curas, fabricantes de milagres e oportunidades de ganhar-se dinheiro dos crédulos. As igrejas deixaram de ser santas; acenderam o fogo estranho no altar de Deus, queimando os seus ministros e desqualificando o povo, que mundanizou-se e paganizou-se. Não tem havido limites para as inovações: são pseudos-deuses, ministérios esdrúxulos, manifestações sensuais e espetáculos públicos ao invés de adoração legítima, de devoção, de busca do Alto e do Senhor. Um culto legítimo traz santidade; um falso traz a secularização. Quem busca a santidade está operando num outro patamar; quem não busca está seduzido por números, por crescimento numérico, por contas bancárias imensas e por poderes políticos iníquos.

A Noiva do Cordeiro é Santa. Seu povo é santo, é consagrado. A linguagem é sadia, é irrepreensível; o procedimento moral é digno e exemplar; as famílias são constituídas com papéis claros e definidos; a bíblia sai da mesa de trabalho e vai para o coração e para a alma, não para ser “compêndio de análises”, mas para ser reverentemente lida como o “Assim diz o Senhor”; os pastores leais são firmes, são sérios, são íntegros, são intransigentes, são santos.  Continuam pecadores, porém não vivem "na prática do pecado", "vivem na luz", "crescem no Senhor".


IV - A IGREJA QUALIFICADA DEVE SER SEM DEFEITO

O deus pagão do defeito, o Deus da Culpa era chamado de MOMO, de onde vem o “rei do carnaval”. Paulo usa a palavra “AMOMO” para indicar que a Noiva do Cordeiro deve ser alguém “irrepreensível”, “sem culpa”, “qualificadamente correta”.

Quem é de Deus busca a cada dia subir um degrau a mais na comunhão. Os crentes verdadeiros envolvem-se com o Reino e buscam aplicar em suas vidas os ensinos do Senhor. As igrejas bíblicas, que se preparam para as Bodas do Cordeiro buscam integridade moral, espiritual, familiar, doutrinária.

A Igreja de Cristo não adultera o seu Senhor: ela não coloca um ídolo em seu centro; ela não se vende à política ou aos planos mirabolantes de crescimento numérico. Para ela vale muito mais a integridade de conduta que não é popular do que tornar-se imensa, mas repleta de culpas. Nada justifica uma igreja que abandona o trono da graça, que ignora as viúvas, os órfãos, os doentes e os necessitados; que não ora, que não clama, que não intercede; nada justifica uma igreja que não realiza ações de graça; que não compartilha as boas-novas de salvação. Uma igreja irrepreensível, sem defeito, vive como o Autor de Hebreus tão inspiradamente se expressou:  “olhando para Jesus, Autor e Consumador da Fé. (cf Hebreus 12.2b

CONCLUSÃO

Para obtermos a qualificação como igreja do Cordeiro necessário se faz nascer de novo. É algo espiritual, algo que o Espírito Santo opera naqueles que se arrependem de seus pecados e que rendem-se a Cristo, recebendo-o como Senhor e Salvador. Salvos, nos tornamos Igreja, os “chamados para fora”, fora do mundo, fora do império das trevas, para sermos de Deus e do Seu Cristo, para proclamarmos as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.

Que sejam qualificadas as igrejas onde servimos ao Senhor; que sejamos nós qualificados como "Noiva do Cordeiro de Deus". Bendito seja o nome dEle.

Amém.


Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco - SP

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