15.3.10

A Segunda Vinda de Cristo no Último Dia

“Porém, a respeito DAQUELE DIA e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai”(Mt.24:36).

A partir do verso 36 de Mateus 24, Jesus fala acerca de Sua Vinda no último dia, para julgar os vivos e os mortos. Do verso 1 ao verso 35, Jesus trata do juízo de Deus sobre Israel, e isso pode ser comprovado pelo uso da expressão “naqueles dias”, e pela afirmação de que tudo aquilo aconteceria ainda naquela geração. Entretanto, ao chegar ao verso 36, Jesus entra em um novo assunto. Jesus já não estava falando “daqueles dias”, em sim acerca “daquele dia”, quando Ele vier para estabelecer o Juízo Final.

Convém ressaltarmos que Jesus só desconhecia o dia de Sua Vinda pelo simples fato de ter se esvaziado de Sua glória original durante o tempo de Sua encarnação, porém, uma vez tendo sido entronizado, seria ridículo afirmar que Ele continua ignorando o dia de Seu retorno.

“Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas” (Mt.25:31-32).

Esta passagem encontra seu paralelo em Apocalipse 20:11-15:

“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se livros. Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo.”

O que é que Jesus virá fazer na terra em Sua segunda vinda? Será que Ele virá para estabelecer Seu reino, como afirmam alguns? Absolutamente. Isso Ele já fez em Sua primeira vinda. Agora Ele virá para julgar os vivos e os mortos. Ao discursar em Cesaréia, na casa de Cornélio, Pedro testificou: “Ele nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos” (At.10:42). Paulo endossa: “Mas Deus, não levando em conta o tempo da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam. Pois determinou UM DIA que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou. Ele disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At.17:30-31).

Como podemos ver, Ele não vem estabelecer o Seu reino, pois o mesmo já está estabelecido na terra desde que Ele aqui esteve pela primeira vez. Da próxima vez que vier, Seu propósito será o de trazer juízo sobre a terra.


Critérios do Juízo

E quais serão os critérios desse julgamento?

Eis um terreno minado! Muitos não conseguem compreender os critérios que Cristo usará no Juízo Final. Basta uma leitura superficial de Mateus 25, a partir do verso 31 e conclui-se que Deus julgará os homens tendo por base as suas obras. De acordo com o texto, Ele dará boas vindas aos que estiverem à Sua direita, e apresentará as razões pelas quais eles são bem-vindos às benesses do Reino Celestial: “Pois tive fome, e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estavas nu, e me vestistes; estive enfermo, e me visitastes; preso e fostes ver-me” (vs.35-36). Ao ser indagado pelos justos acerca de quando tudo isso havia acontecido, Jesus dirá: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (v.40).

Quanto aos ímpios, eles serão acusados de não terem praticado as mesmas obras, e por isso, serão tidos por dignos da condenação eterna. Jesus conclui Seu sermão dizendo: “E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna” (v.46).

Há ainda muitas passagens que comprovam que as bases do juízo serão as obras praticadas em vida. Por exemplo, em Mateus 16:27 lemos: “Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras.”


E quanto a Paulo? O que diz o Apóstolo que ensinava a justificação pela fé, à parte das obras?

“Deus recompensará a cada um segundo as suas obras: Dará a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção. Mas indignação e ira aos que são contenciosos, e desobedientes à verdade, e obedientes à iniqüidade (...) Isto sucederá no dia em que Deus há de julgar os segredos homens, por meio de Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:6-8,16.

O que houve com Paulo, afinal? Não é nesta mesma epístola que ele diz que ninguém será justificado diante de Deus pelas obras (veja Rm.3:20)? Terá Paulo cometido um contra-senso? Óbvio que não! É justamente aqui que os escritos de Paulo e de Tiago se reconciliam. Paulo não ensinava uma “graça barata” como é ensinada hoje em alguns púlpitos. Ele defendia acirradamente que o crente é justificado pela fé somente. É mediante essa fé que temos paz com Deus, e somos aceitos em Sua presença. É também por ela que recebemos a justiça de Cristo em nossa conta, e sabemos que os nossos pecados recaíram sobre Ele na cruz. Tudo isso é pela fé! Não é por obras! Neste exato momento, nossa situação com Deus está acertada. Já não nos resta condenação.

Não obstante, temos que verificar nos textos paulinos que a fé que o apóstolo pregava era uma fé operante. Esta fé não apenas nos faz aceitos aos olhos de Deus, como também produz as boas obras que a justiça de Deus requer de nós. Embora estas obras não sejam a causa da nossa salvação, elas serão a base do juízo de Deus.

A fé nos coloca em Cristo, e a natureza divina que recebemos d'Ele opera em nós as boas obras. É assim que a justiça da lei se cumpre naquele que está em Cristo (Rm.8:4). Se não somos salvos mediante as obras, por quê o juízo de Deus será segundo elas?

Nossas contas com Deus já foram acertadas. Não resta condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus. Ele mesmo afirmou: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo.5:24). Já em outro texto, lemos que “todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10). Como conciliar as duas afirmações?

Ora, se já passamos da morte para a vida, por quê, então, teremos que estar diante do tribunal de Cristo? Por que teremos de prestar contas de nossas obras?


Quero sugerir duas respostas:

1. Para recebermos os galardões provenientes das obras que praticamos. Embora estas obras sejam frutos do Espírito de Deus, ainda sim, mediante a Sua inefável graça, Deus deseja nos recompensar, apesar de sermos meros instrumentos de Sua justiça.

2. Deus deseja trazer todos diante do Seu tribunal, para que os ímpios jamais possam se queixar de não terem tido um tratamento justo. Há uma diferença entre entrar em juízo, e comparecer ao tribunal. Nós não seremos julgados, mas teremos que comparecer ante o Tribunal de Cristo. Ali ouviremos d'Ele o que o Espírito já tem testificado em nossos corações. Judas nos diz que “o Senhor vem com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos, e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram” (Jd.14-15). Observe que Ele não vem apenas para fazer juízo, mas também para fazer convictos todos os ímpios. Ao assistirem o pronunciamento do justo Juiz àqueles que foram salvos por Sua graça, os ímpios hão de se convencer de que a sentença de Deus para eles será justa, e que a condenação será o destino mais apropriado a eles. Ninguém será condenado sem ter a convicção de que aquela sentença é justa. Não haverá quem possa recorrer da sentença.


Quando se dará o Juízo?

Quando se dará tudo isso? Quando se instaurará o Tribunal de Cristo? Esta pergunta é muito pertinente porque, para alguns, a Igreja será julgada numa instância superior, ao adentrar os portais da glória. Os que defendem tal tese afirmam que a Vinda de Cristo será dividia em duas etapas: O Arrebatamento e o Juízo Final. No Arrebatamento, os crentes em Jesus ressuscitariam e seriam levados ao céu, e lá chegando, seriam submetidos a um Tribunal que visaria apenas recompensá-los. Já no Juízo Final, somente os ímpios e os que se convertessem durante a chamada Grande Tribulação seriam ressuscitados e submetidos a um julgamento que ditaria o seu destino eterno. Esta interpretação carece de uma exegese mais acurada.

A começar pelo fato de não haver na Bíblia distinção entre o dia do Arrebatamento e o do Juízo. Na verdade, trata-se de um mesmo evento que vai acontecer no último dia da história humana. Depois daí, a criação entrará no Estado Eterno.

Em segundo lugar, não há na Bíblia nenhuma base real para se distinguir as ressurreições dos justos e dos ímpios como sendo dois acontecimentos separados por um espaço de tempo. Se for verdade que os justos vão ressuscitar no Arrebatamento, e os ímpios vão ressuscitar sete anos depois, como advogam alguns, então o que dizer da afirmação de Marta: “Eu sei que ressurgirá na ressurreição, no último dia” (Jo.11:24)? Se Lázaro ressuscitaria no último dia, logo, ele não estaria entre aqueles que seriam salvos! Se Marta errou ao afirmar isso, então, por que Jesus não a repreendeu? Porque Ele mesmo ensinara a Marta que todos, justos e ímpios, haveriam de ressuscitar no último dia.


Veja o que o próprio Jesus ensinou:

“Não vos maravilheis disto, pois VEM A HORA em que TODOS os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação.”

João 5:28-29.

Jesus não deixou dúvida de que tanto a ressurreição dos justos, quanto a dos ímpios ocorrerão simultaneamente.

Em nosso estudo sobre o Milênio, abordamos de forma mais esmiuçada este assunto, e tratamos daquilo que João chama de primeira e de segunda ressurreição.

A doutrina do Arrebatamento, como é concebida atualmente não possui respaldo bíblico.

O que chamamos de Vinda Secreta de Jesus também não encontra respaldo nas Escrituras. Quando se diz que Ele viria como um ladrão, refere-se ao fator surpresa que envolve a Sua Vinda. Quando Ele vier para julgar os vivos e os mortos, todos os olhos O verão. Definitivamente, não haverá uma vinda secreta, e outra pública como temos ouvido por aí.

Quando escrevia aos crentes de Tessalônica, Paulo diz que “o Senhor descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro” (1 Tess.4:16). É aqui que muita gente se confunde. Se pararmos aí, teremos a impressão de ter ouvido Paulo afirmar que os justos ressurgirão primeiro que os ímpios. Mas não podemos parar aí. O que Paulo está querendo dizer é que nós “os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem” (v.15). Isto quer dizer que, antes de sermos levados às alturas, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (v.17).

Muitos encontram neste texto a indicação de que ao sermos arrebatados seremos levados para o céu, e lá passaremos sete anos com o Senhor, enquanto o mundo fica entregue nas mãos do anticristo. Esta passagem não fala nada disto ! Nós vamos ao Seu encontro para recebê-lO nas nuvens.

É provável que Paulo tivesse em mente o que acontecia quando o Imperador Romano voltava de uma batalha vitoriosa. Ao se aproximar dos portais da Cidade, o povo saía ao seu encontro para recebê-lo com honras e glórias.

Assim também, quando Jesus, o grande Imperador do Universo despontar no céu, nós e os santos de todas as eras iremos ao Seu encontro para recepcioná-lO, e então, Ele juntamente com todos os Seus santos e anjos pisará nesta Terra, e aqui, estabelecerá o Seu Juízo.

Fonte: http://hermesfernandes.blogspot.com/2010/03/segunda-vinda-de-cristo-no-ultimo-dia.html

10.3.10

CURA DIVINA


O sofrimento do próximo causa-nos dor, e quando o próximo é tão próximo (membro da própria igreja), então choramos com ele e com sua família.

Indigna-nos o fato de que, infelizmente, a mentira continue a ceifar muitos corações e mentes. Essa pergunta sempre surge (somos humanos): "E se levarmos a pessoa até o Apóstolo, será que tal pessoa seria curada?" "E se o arrastarmos até aquela tal igreja, o Senhor o curará?"

É trágico, é terrível, é revoltante o que os falsos profetas fazem acreditar, que o "deus deles" é "poderoso", que "há um deus na vida deles" (e não na nossa), que são "profetas de Deus" (e nós falsos profetas). Se acham poderosos, invencíveis, se consideram super-dotados pelo Espírito Santo, são os espertalhões da boa-fé popular.

Em cada mil fracassos na esperança de cura eles pinçam um que deu certo (e daria certo em qualquer circunstância, fosse em casa, no hospital, no trem ou na igreja, pois na soberania de Deus Ele iria curar tal pessoa), e o transformam em carro-chefe de suas supostas "credenciais apostólicas", de que lá há cura e há "deus". Outros, mais abundantes ainda, "ganham cachês" para exibirem muletas que nunca usaram, cadeiras de rodas de que nunca precisaram, fracassos financeiros e milagres de prosperidade que nunca aconteceram senão em sua suposta "fé".

Valem-se da dor e da miséria da alma dilacerada pela dor e a utilizam como meio de arrecadação de fundos fazendo da tragédia elemento de propaganda e de divulgação de seus ministérios mentirosos e enganadores.

Meu Deus, como é fácil cair em tentação! Como é fácil trocar a verdade por um mísero prato de lentilhas, por um côvado a mais na existência terrena! Como é fácil negar a fé quando o câncer apodrece os ossos de quem amamos, destrói as imunidades de quem tanto prezamos ou ameaça separar-nos das pessoas de quem gostamos!

Eu desafiei, desafio e desafiarei a TODOS os supostos curandeiros, a acompanharem-me ao hospital do câncer, na ala dos terminais, daqueles que já perderam braços, pernas, órgãos internos, visão, fala, audição, cérebro, a curá-los ALI, TODOS, pelo seu suposto dom apostólico. Nenhum deles até hoje aceitou. E jamais aceitará. O hospital de gente quase morta não é palco para suas performances pirotécnicas de feiticeiros evangélicos. Na verdade o que menos importa é o enfermo; o que mais importa é o que a suposta cura gerará: fama, dinheiro, poder, crescimento do império religioso, egolatria, etc.

Deus cura. E como cura! Suas curas são completas e totais, até que nós cumpramos o Seu propósito. Ele o faz quando quer, como e onde quiser, e utiliza quem quiser para realizá-la, desde que a glória seja dEle, pois não reparte Sua glória com mortal nenhum. Aliás, na ECONOMIA de Deus não há necessidade de toalhinhas, copos com água, arruda, sal, varinhas, rosas, pedras, águas de 7 torneiras ou qualquer outra feitiçaria. Deus cura diretamente no objeto da cura. Afinal, o poder é dEle e não do elemento. E o faz para a glória dEle, não para a glória do orador. E se no passado fez lodo da terra, Ele jamais ensinou a orar com lodo, ou se a sombra de apóstolos curava, nunca o foi porque os apóstolos determinaram, e jamais utilizaram-se disso para reinvindicar poderes que não tinham. Aliás, eles também adoeciam (e não se auto-curaram).

Se Deus não quiser curar Ele não curará. Ele é soberano. O texto sobejamente utilizado como "legalidade e exigência total para a cura divina", o famoso "colocar Deus na parede" ("Ele levou sobre si as nossas enfermidades") não serviu para Paulo em sua enfermidade ótica, nem para Timóteo em sua enfermidade estomacal, nem para Eparfrodito em sua fraqueza física e nem para todos os cristãos do primeiro século em suas mortes reais (nenhum teve gozo de perfeita saúde para sempre; doutra forma estariam vivos e sadios até hoje). O texto era (e foi) sinal para o período do Ministério do Messias, que qual pastor amoroso, cuidou de Seu rebanho, tratando de suas feridas. E foi dessa forma que o Evangelho o citou, como cumprido ali, em Jesus, em seu ministério messiânico. Ele sofreu as nossas dores, levou as nossas enfermidades (Jesus curava, Jesus consolava, Jesus era de fato o Messias esperado).

Crentes ficam doentes. Neopentecostais ficam doentes. Crentes de qualquer espécie adoecem e morrem. E por que? Porque "se este tabernáculo terrestre se desfizer" (e ele se desfará quer queiram ou não!), "temos um outro, não feito por mãos, eterno, no Céu". O Reino de Deus não é deste mundo temporário. Este mundo passará. Tudo aqui passará. O que chamamos de nosso hoje será de outros amanhã. Só a alma é nossa, aliás, em termos, pois se não a entregarmos a Cristo, ela será ceifada por Satanás.

Prometer cura aos enfermos é o mesmo que prometer imortalidade aos mortais. O evangelho jamais foi a mensagem de cura para o corpo, mas de salvação para a alma. Se há no decorrer da vida uma cura física - e há muitas!, não há promessa específica de imortalidade física, mas há a promessa de imortalidade da alma e da ressurreição dentre os mortos. Fomos enviados a pregar a salvação da alma, não a cura para os enfermos. Devemos orar, clamar, suplicar, implorar a Deus pelos enfermos; mas não devemos transformar um ato intrínseco à fé na própria mensagem da fé. A fé não vem pelo curar, mas pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus.

Mentem os que afirmam curar os enfermos. Mentem! Eles também adoecem e morrem! Todos eles irão morrer! Mas dizem a verdade os que pregam a mortalidade do corpo, mas a ressurreição da alma. Se alguém, de fato, é usado por Deus na cura dos enfermos, jamais dirá "eu orarei e Deus curará", mas dirá "eu orarei e suplicarei a misericórdia do Senhor; se Ele quiser Ele curará". É isso que nos ensina a Escritura Sagrada.

Àqueles que querem crer na mentira Deus permite a operação do erro, já que não dão crédito à verdade. Daí os supostos milagres comprobatórios. Há milagres entre esses mentirosos? Há. Assim como há milagres gerados por supostas imagens milagrosas, pedras esotéricas, espíritos nos médiuns ou poder do pensamento positivo. Entre a Palavra de Deus e um milagre a nossa fé deve estabelecer-se na Palavra de Deus, ainda que contrarie um milagre. Os escolhidos não se enganam com supostas maravilhas. E os escolhidos são os que escolheram crer no Senhor que ressuscitará os mortos incorruptíveis, não que mumificará os mortos corruptivelmente.

De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro (inclusive a cura de todas as suas enfermidades) se irá morrer e cair no Inferno? Que graça barata foi essa? A de Deus? Jamais.

Como diria John Stott, crer também é pensar.

E eu penso nas coisas lá do Alto, onde a morte nunca chegará.

Vida eterna. Esse é o âmago.

Wagner Antonio de Araújo
bnovas@uol.com.br
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP
www.uniaonet.com/bnovas.htm

 
Momento de dor para a Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP, quando SADAKO KARIYA, nossa irmã em Cristo, aguarda o chamado do Senhor para a vida eterna, uma vez que está a padecer os últimos momentos de um câncer nos ossos.

7.3.10

Dia Internacional da Mulher

Quero parabenizar a todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher. Por falta de tempo em um domingo corrido,não pude escrever um texto homenageando as mulheres,mas peguei o texto de uma mulher de Deus traçando bíblicamente o perfil da mulher virtuosa. Interessante que quando digitei mulher no google o que apareceu completando foi:Mulher Melancia,mulher pelada,mulher sem roupa. Triste saber que esse tem sido o perfil mais procurado pelos homens de hoje;Mas Deus e os homens de Deus ainda tem procurado uma mulher virtuosa. Não se encontra fácil,por isso a pergunta:Mulher virtuosa,quem achará? Pv 31-10

Deus tem nos chamado para sermos mulheres virtuosas. Mulheres desprendidas, marcadas pelo poder de Deus, ou seja, mulheres que tem o perfil e o caráter de um Deus forte. Qual seria então o perfil de uma mulher virtuosa?

CONFIÁVEL, FIEL - Em primeiro lugar, podemos dizer que a mulher virtuosa é aquela em que se pode confiar O coração do seu marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro (Prov. 31:11). É uma mulher plenamente confiável. Não suporta traições e nem vive de trapaças, mentiras. Antes tem a sua vida firmada na verdade e por andar na verdade, é fiel em todo o tempo;

AGRADÁVEL, DO BEM A mulher virtuosa é do bem. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida (Prov. 31:12) Não é aquela mulher encrenqueira, que arranja briga por tudo. Ao contrário, é uma mulher serena, que sempre busca o bem de todos e por este motivo, todos sentem prazer em estar a seu lado. Ou seja, por desejar o bem se torna uma pessoa agradável.

NÃO SUPORTA A PREGUIÇA A mulher virtuosa não é preguiçosa. Ela busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as mãos (Prov. 31:13). A mulher virtuosa é guerreira, não suporta a preguiça. Ao contrário, tem disposição para lutar por seus sonhos. Todas as tarefas que realiza faz de bom grado, sem murmurações e lamento. Por este motivo, nada lhe falta.

É EMPREENDEDORA A mulher virtuosa é uma mulher empreendedora, de vanguarda, visionária. Considera um campo, e compra-o; planta uma vinha com o fruto de suas mãos” (Prov. 31:16). Ela é empreendedora, pois sabe adquirir bens com a inteligência que Deus lhe dá. Não fica parada, esperando as coisas caírem do céu e não se escora em ninguém. Antes, é visionária, está sempre buscando uma forma de progredir, avançar e conquistar. Se não consegue por um caminho, tenta outros caminhos, buscando sempre novas oportunidades.

É FORTE A mulher virtuosa é uma fortaleza. Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços (Prov. 31:17) É uma mulher forte, pois nada consegue destruir a sua fé e esperança. Pode até chorar mas logo enxuga as suas lágrimas, tendo a certeza que sempre existirá o amanhã. Passa por dificuldades, como todo ser humano, mas jamais perde a sua força de viver, de crer nas promessas de Deus. Nada e ninguém consegue abater a sua fé.

É MISERICORDIOSA A mulher virtuosa tem um bom coração. Abre a mão para o pobre; sim, ao necessitado estende as suas mãos (Prov. 31:20). Não é egoísta. Ao contrário, sempre abençoa aqueles que a rodeiam. Sabe ajudar quando preciso e está sempre pronta para estender as suas mãos abençoadoras aqueles que necessitam.

É UMA MULHER UNGIDA. A mulher virtuosa nunca deixa faltar o óleo da unção de Deus em sua vida. Prova e vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite” (Prov. 31:18). É uma mulher que nunca permite que a chama do Espírito Santo se apague em sua vida pois compreende que o óleo da unção de Deus é sua essência e lhe trás tudo de bom que necessita para ser feliz. Ainda que viva momentos difíceis não deixa de buscar a Deus, de manter firme a sua aliança com o Altíssimo.

Breve diferença entre você e quem não teme a Deus
Uma mulher virtuosa compromete-se, dá a sua palavra e cumpre. Uma mulher comum faz promessas, não se esforça e quando falha só sabe justificar-se.”
“Uma mulher virtuosa diz: ‘Preciso a cada dia ser mais virtuosa’. Umamulher comum diz: ‘Não sou tão mau assim; há muitas piores que eu’

“Uma mulher virtuosa ouve, compreende e responde. Uma mulher comum não espera que chegue a sua vez de falar”

“Uma mulher virtuosa respeita as que sabem mais e procura aprender algo com elas. Uma mulher comum resiste a todas as que sabem mais e fica procurando defeitos nelas”

“Uma mulher virtuosa sente-se responsável por algo e dá o seu melhor.Uma mulher comum não se compromete nunca e diz: “Faço o que der”

“Uma mulher virtuosa diz: ‘Deve haver uma melhor forma de fazer isso…’ Uma mulher comum diz: ‘Sempre fizemos assim. Não há outra maneira.’

“Uma mulher virtuosa procura sempre ver o lado bom das demais pessoas. Uma mulher comum evidencia o lado negativo”

“Uma mulher virtuosa edifica eu lar, pois as atitudes dela são baseadas nos pensamentos de Deus. Uma mulher comum com as próprias mãos destrói seu lar, através de atitudes baseadas nos sentimentos”

“Uma mulher virtuosa sabe que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. Uma mulher comum vê injustiças e desigualdades quando é “afetada”.

“Uma mulher virtuosa é PARTE DA SOLUÇÃO. Uma mulher comumé PARTE DO PROBLEMA”

“Uma MULHER VIRTUOSA como você, lê isso, FICA FELIZ e procura melhorar. Uma MULHER COMUM como as outras, lê isso, FICA REVOLTADA e acha que perdeu tempo lendo”

5.3.10

Me engana que eu gosto

Por Renato Vargens


Infelizmente eu cheguei a conclusão que existem pessoas que gostam de se sentirem enganadas.

Volta e meia eu recebo emails e comentários em meu blog de que não deveria denunciar as heresias neo-pentecostais, porque quando faço isso exponho a Igreja de Cristo a vergonha e a ignomínia.

Os que defendem esta opinião, acreditam que o melhor a ser feito é fazer vista grossa ante as aberrações cometidas pelos apóstolos da modernidade, mesmo porque, tais pessoas afirmam que ninguém possui o direito de julgar quem quer que seja, ainda que estes estejam pregando um evangelho de conteúdo espúrio.

Nesta perspectiva, devemos nos calar diante da venda de indulgências por parte de Morris Cerrulo e Marcos Filiciano ou ficar quietos diante das falsas doutrinas de Valnice Milhomens e Rene Terra Nova, ou ainda fingirmos que não estamos enxergando o comércio da fé por parte do "trio simpatia", Macedo, Soares e Valdomiro.

Caro leitor, desculpe mais não dá para brincar de Polliana fazendo o jogo do contente fingindo que tudo está as mil maravilhas na igreja tupiniquim. Sinceramente não é possível nos omitirmos diante de ensinos que afrontam a sã doutrina. Não dá para ficarmos calados diante de tantas loucuras e aberrações teológicas. Lamentavelmente esse pessoal extrapolou o limite do bom senso, fazendo do Evangelho do Senhor uma grande colcha de retalhos.

Como já havia escrito inúmeras vezes não suporto mais a efervescência da graça barata, o mercantilismo gospel, bem como a banalização da fé.


Sem sombra de dúvidas Cristo não criou sua igreja para isso!

Pense nisso!

Rento Vargens

Deus não está ensaiando...

Hermes C. Fernandes

Foi o Criador quem disse: “Eu anuncio o fim desde o princípio”! Jamais entenderemos o fim, sem compreendermos o princípio de tudo. Tudo está conectado. Tudo faz sentido.

Toda a confusão que se faz em torno da escatologia, se deve à negligência quanto ao início de tudo.

Por que tantos defendem que o mundo caminha para uma destruição iminente? Porque não atentaram para a avaliação que Deus fez da Sua obra.

A criação não é um rascunho. Ela é a obra-prima de Deus.

De acordo com a narrativa de Gênesis, a cada etapa da criação, Deus avaliava Sua obra. Depois de avaliar como boas todas as coisas que criara, Deus emitiu a avaliação final: “Viu Deus tudo o que tinha feito, e que era MUITO BOM” (Gn.1:31). Podemos substituir o “muito bom” por “excelente”. Foi essa a nota que o Criador deu ao conjunto de Sua obra.

Quem insiste com a idéia de que Deus vai destruir este Universo, para criar um melhor, incorre no erro de achar que Deus possa superar a Si mesmo. As Escrituras não dizem que Deus pretende fazer tudo de novo, e sim que Ele fará novas todas as coisas. “Tudo novo” não significa “tudo de novo”. Não se trata de uma nova criação que emirja do nada, mas de uma renovação de todas as coisas. Por isso, podemos afirmar que Deus é o autor da reciclagem. Ele não vai descartar Sua obra, mas reciclá-la por completo.

Nosso Universo não é um laboratório, e tampouco somos cobaias de um deus ainda em formação acadêmica. Ele não está ensaiando a peça, mas a está encenando. Nosso Universo não é um ensaio, é o espetáculo.

Este mundo não é uma experiência, nem uma obra inacabada. “Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados” (Gn.2:1). O gênero humano foi, por assim dizer, a pincelada final da criação.

E a criação tem um propósito específico. Ela não é um acidente cósmico, e nem surgiu espontaneamente. “Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl.1:16b). Por isso Jesus é introduzido em Apocalipse como o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o ponto de partida e a linha de chegada de toda a criação. Tudo converge n’Ele!

Ninguém consegue montar um quebra-cabeça, sem ter um modelo com a imagem que se quer alcançar. Cristo é “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl.1:15). Ele é a imagem que emerge do mosaico da criação.

Ele é o protótipo, o modelo usado por Deus para criar tudo o que há. Por isso se diz que Ele é o princípio da criação. Ele é a imagem que Deus vê refletida em um Universo que Lhe serve de espelho.

Em Cristo, todas as peças do quebra-cabeça da criação se encaixam perfeitamente. Através d’Ele a criação pode refletir a glória do Seu Criador. N’Ele, o Deus invisível revela o Seu rosto. Nas palavras de Paulo, “os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas” (Rm.1:20a). Tudo fica muito nítido e claro, quando miramos a criação devidamente conectada em Cristo. N’Ele tudo se harmoniza perfeitamente.

Se Deus é o Autor da peça, Cristo é o Protagonista, a Criação é o cenário, o Espírito Santo é o Holofote, e nós somos a platéia.

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

1ª Epístola de Paulo aos BRASILEIROS

Como seria uma carta escrita por Paulo à igreja brasileira? Pensando nisto Pr. Daniel Rocha elaborou esta mensagem, utilizando das palavras de Paulo, incorporando à realidade cristã no Brasil, chegando a conclusão de plausíveis reflexões.

Nota aos desavisados: Paulo NÃO escreveu esta carta. É apenas um exercício de reflexão, para levar-nos apensar e repensar a igreja no Brasil nos dias de hoje...

1ª Epístola de Paulo aos Brasileiros

Prefácio e Saudação

Paulo, apóstolo, não da parte de homens, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, a todos os santos e fiéis irmãos em Cristo Jesus, que se encontram em terras brasileiras, graça e paz a vós outros.

Exortações à Igreja

Rogo-vos para que não haja partidos entre vós. Mas vejo que é isso que está ocorrendo, pois uns dizem: eu sou de Malafaia; outros, de Macedo; outros, do Soares; outros de Feliciano; Quem é Malafaia? Quem é Soares? Quem são eles? [1] Por acaso Cristo está dividido? Não são neles que devemos postar nossos olhos, mas em Cristo, o único que morreu por nós.

Vejo que ainda sois meninos na fé quando o propósito de cada um é só buscar bênçãos para si, visando os próprios interesses e não o interesse do Corpo. Digo-vos que a maior benção já vos foi concedida na cruz quando fostes resgatados da morte e das trevas. Agora, aprendam a viver contentes e dar graças a Deus por tudo [2] .

Sinais e Prodígios

Assim como os judeus pediam sinais em minha época [3], há muitos que só pensam em prodígios e maravilhas: fazem correntes e marcam hora para as curas se efetuarem, e eu já havia advertido aos seus irmãos de Tessalônica que tão somente orassem o tempo todo,[4] pois apenas Deus é quem sabe a hora de atender. Eu mesmo deixei Trófimo doente em Mileto,[5] o amado Timóteo foi medicado enquanto esperava o Senhor curar sua gastrite, [6] e Epafrodito adoeceu mortalmente chegando às portas da morte [7]. Por que entre vós no Brasil seria diferente?

Outras admoestações

Estão fazendo rituais para amarrar demônios e declarar que as cidades do Brasil são do Senhor Jesus. Nunca vistes isso em mim e em nenhum momento em Cristo. Pelo contrário, preguei o evangelho em Éfeso, mas a cidade continuou seguindo a deusa Diana. No Areópago de Atenas riram e zombaram de minha pregação, e poucos aceitaram a palavra do evangelho; como eu iria dizer que Atenas era do Senhor Jesus? Em Corinto, a prostituição continuou a dominar a cidade, e em Roma, as orgias e as dissoluções da família até se intensificaram no decorrer dos anos. Dizer que Roma pertencia ao Senhor Jesus seria uma frase que levaria ao engano os poucos irmãos verdadeiramente convertidos.

Na verdade muito me esforcei e fiz de tudo para ver se conseguia salvar a alguns [8]. Nunca ensinei a reivindicar territórios, mas tão somente orava a Deus que me abrisse uma porta para pregar a Palavra [9] .

Cuidado com os falsos apóstolos

Há muitos homens gananciosos aparecendo no meio de vós no Brasil dizendo que são apóstolos e criando hierarquias para exercer domínio uns sobre os outros, coisa que nunca aceitei. Porque tanta preocupação com títulos? Por que ninguém se contenta em ser chamado simplesmente servo? Pois é isso é o que realmente importa. Saibam que há muitos obreiros fraudulentos transformando-se em apóstolos de Cristo [10].

Já vos advertira que depois da minha partida, entre vós penetrariam lobos vorazes que não poupariam o rebanho de Cristo [11], vós não lembrais disso brasileiros?

Sobre os dons espirituais

Soube que muitos estão preocupados com os dons. É verdade que eles são importantes, mas o Espírito concede a cada um conforme melhor lhe convém [12]. Tenho percebido que valorizam principalmente os dons sobrenaturais – como falar em línguas, visões, curas e revelações – e esquecem-se que ensinar bem as Escrituras, administrar com zelo as coisas de Deus e promover socorro aos necessitados também são dons espirituais [13].

Mas o que eu quero mesmo é que estejais buscando para suas vidas o fruto do Espírito. De nada adianta ter fé suficiente para curar pessoas, transportar montes e expulsar demônios se ficais devorando uns aos outros, [14] se não têm amor, se provocam rixas e intrigas entre si e dão mau testemunho.

Ofertas ao Senhor

Quanto às ofertas e sacrifícios, já falei por carta: no primeiro dia da semana cada um separe segundo sua prosperidade [15]. Nunca fiz leilão de bênçãos do Senhor, desafiando o povo a ofertar começando com 10 moedas de ouro até chegar ao que tinha um denário. O único sacrifício aceitável por Deus já foi feito na cruz pelo seu Filho Jesus, entendais isto brasileiros.

Quando Deus me der oportunidade de visitar-vos quero conhecer os que estão se enriquecendo com o Evangelho e enfrentar-lhes face a face. A piedade jamais pode ser fonte de lucro [16] e se continuarem nessa sórdida ganância haverão de sofrer muitas dores [17].

A busca da verdadeira maturidade

É imprescindível que manejem bem a Palavra, pois chegou ao meu conhecimento que esta é uma geração tão ignorante nela que estão sendo enganados por lobos vorazes, que trazem enganos e sofismas, e a esses, de boa mente, os tolerais [18]. Lembrem-se que quando preguei em Beréiao povo consultava a Palavra para ver se as coisas eram de fato assim [19]. Porque não fazeis vós o mesmo? Ora, os ardis de satanás vêm sempre disfarçados na pregação de um anjo de luz [20].

Vejo que entre vós há muitos acréscimos e deturpações daquilo que falei. Admoesto-vos a que não ultrapasseis o que está escrito [21] .

As saudações pessoais

Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, e sim a seu próprio ventre [22], seus próprios interesses. Em breve vos vereis.

A bênção

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós do Brasil [23].

REFERÊNCIAS
[1] – 1Co 3.5 [2] – Fp 4.11; 1Ts 5.18 [3] – 1Co 1.22 [4] – 1Ts 5.17 [5] – 2Tm 4.20 [6] – 1Tm 5.23 [7] – Fp 2.27-30 [8] – 1Co 9.22 [9] – Cl 4.3 [10] – 1Co 11.3 [11] – At 20.29 [12] – 1Co 12.7 [13] – Rm 12.7-8 [14] – Gl 5.15 [15] – 1Co 16.2 [16] – 1Tm 6.5 [17] – 1Tm 6.10 [18] – 2Co 11.4 [19] – At 17.11 [20] – 2Co 11.14 [21] – 1Co 4.6 [22] – Rm 16.17-18 [23] – 2Co 13.13

O que temos feito com Jesus?

Hermes C. Fernandes

Disse-lhes Pilatos: Que farei então com Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado. Mateus 27:22

Esta mesma pergunta deveria incomodar a todos os homens, diante dos quais Cristo fosse exposto. Não há como se isentar da responsabilidade. Enquanto Jesus estava nas mãos das autoridades judaicas, Pilatos não tinha qualquer responsabilidade. Mas agora, ao recebê-lo, quis esquivar-se, ordenando que o levassem a Herodes. Afinal, Jesus era Galileu, e, portanto, pertencia à jurisdição de Herodes.

Qual foi a reação de Herodes ao receber Jesus em sua presença? As Escrituras afirmam que quando viu a Jesus, “alegrou-se muito, porque havia muito que desejava vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas. E esperava que lhe veria fazer algum sinal” (Lc.23:8). Pelo que tudo indica, Herodes queria apenas entreter-se às custas de Jesus. Semelhantemente, há muitos em nossos dias que só buscam a Deus para entreter-se. Querem o espetáculo, os sinais, os milagres, mas não querem tomar uma posição com relação a Ele. A pergunta persiste: O que fazer com Jesus, chamado Cristo? Quando Herodes viu que Jesus não satisfaria sua curiosidade, “tratou-o com desprezo e, escarnecendo dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente, e tornou a enviá-lo a Pilatos” (Lc.23:11). Por algumas horas, Jesus parecia um joguete nas mãos daqueles homens. Ninguém queria entrar pra história como responsável pela morte de um inocente. É interessante notar que a situação envolvendo Jesus foi capaz de reaproximar Pilatos e Herodes, que andavam brigados até então (v.12).

Não importa a sua opinião acerca de Jesus, e sim o que você faz com relação a Ele. Tanto Pilatos quanto Herodes tinham a mesma opinião sobre Cristo. Para ambos, Ele era inocente. Há muitas pessoas que estão na igreja por causa dos amigos que fez. Ali elas encontraram pessoas que pensam como elas. Pelo menos em alguns pontos, elas convergem. Às vezes gostam do mesmo estilo musical, do ambiente dos cultos, do carisma do pastor, mas isso não é suficiente. Não podemos usar Jesus apenas como ponte para unir pessoas diferentes. Ele não pode ser pretexto para a reconciliação entre os homens. Ele é infinitamente mais que isso. Ele é o único capaz de nos reconciliar com o Pai. Pilatos e Herodes aproveitaram o ensejo para rever sua desavença. Mas isso deveria acontecer para que se cumprissem as Escrituras. Veja que interpretação os crentes primitivos fizeram desse fato, ao levantarem unânimes sua voz a Deus em oração:“Senhor, tu és o que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. Tu disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramam as gentes, e os povos pensam coisas vãs? Levantam-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntam à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido. Verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel” (Atos 4:24-27).

Não existe posição intermediária. Ou somos a favor dEle, ou contra Ele. Por isso, não devemos nos associar aos que são contrários ao Evangelho de Cristo, sob pena de estarmos unindo nossa voz à daqueles que O crucificaram.

Pilatos estava cercado de pessoas que queriam influenciar sua decisão. De um lado estavam os judeus, liderados pelos sacerdotes e anciãos, pressionando-o para que crucificasse Jesus. Do outro lado estava sua esposa, que lhe mandou um recado: “Não entre na questão desse justo, pois num sonho muito sofri por causa dele” (Mt.27:19). São tantas vozes que ouvimos, que não conseguimos ouvir a voz de nossa própria consciência. A voz de sua esposa representava a voz da emoção. A voz da multidão representava a voz da razão. Se desse ouvidos à emoção, e soltasse a Cristo, a multidão enraivecida promoveria uma rebelião, que chegando aos ouvidos de César, fatalmente resultaria em sua destituição do cargo de governador. Ele preferiu dar ouvidos à razão.

Então Pilatos, vendo que nada conseguia, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: “Estou inocente do sangue deste homem. A responsabilidade é vossa” (Mt.27:24). Será que aquele gesto foi capaz de isentá-lo da responsabilidade?
Quantos estão lavando suas mãos, buscando uma posição confortável em cima do muro?

Eles dizem que amam a Jesus, que o admiram, mas na hora H, lavam suas mãos. Na verdade, estão crucificando-o novamente. Mas será isso possível? A Bíblia diz que sim. Há pessoas diante das quais Cristo foi exposto, e que, num certo sentido, foram iluminadas, provando o dom celestial, fazendo-se participantes do Espírito Santo. E tudo isso porque provaram a boa palavra de Deus, experimentaram os poderes do mundo vindouro, mas ainda sim, caíram. Tiveram a chance de tomar a decisão certa. Mas preferiram tripudiar, deixando-se levar pela voz da maioria. Deixaram-se pressionar pelas vozes dos inimigos de Cristo. Pois agora que caíram, não lhes é possível a renovação para o arrependimento, pelo simples fato de estarem novamente“crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o ao vitupério” (Hb.6:4-6). Não foi exatamente isso que Pilatos fez? Ele expôs o Filho de Deus ao vitupério público. Ele caçoou do Filho do Deus Vivo.

A maior preocupação de Pilatos era com a opinião da maioria. Como bom romano que era, ele talvez acreditasse no conhecido ditado: Vox Populi, vox Dei (A voz do povo é a voz de Deus).

E desde quando pode-se dar crédito à voz de uma maioria enfurecida, incitada por outros? Aquele povo que gritava, insistindo para que Pilatos crucificasse Jesus, era o mesmo que dias antes recebia o Salvador com mantos e palmas. Aquele povo era massa de manobra nas mãos das autoridades judaicas. Não foi à toa que Jesus, olhando do alto da cruz, rogou ao Pai que perdoasse aquela gente, que não sabia o que estava fazendo. Mas ao referir-se às autoridades judaicas, Jesus disse a Pilatos: “Nenhuma autoridade terias contra mim, se de cima não te fosse dada. Aquele, porém, que me entregou a ti maior pecado tem” (Jo.19:11). Portanto, Jesus não inocentou, nem às autoridades judaicas, nem tampouco a Pilatos.

As coisas não mudaram muito desde então. O povo continua sendo manipulado por autoridades inescrupulosas, que tudo quanto almejam é saciar sua sede por poder. Hoje, porém, com um agravante: o uso indiscriminado da mídia para se alcançar tal fim.

Entretanto, o juízo de Deus é exercido de maneira particular e individual. Deus não lida com turbas enfurecidas, mas com pessoas individualmente. Cada pessoa é um universo à parte. Nada mais insano do que seguir os passos de uma multidão para fazer o que é mal. Daí o mandamento:“Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda deporás, acompanhando a maioria, para torcer o direito” (Êx.23:2).

Ninguém responderá por nós diante do Tribunal de Deus. Nossa sentença vai depender exclusivamente da resposta àquela pergunta: O que farei com Jesus, chamado Cristo? Não vai adiantar alegarmos que estávamos sendo pressionados por todos os lados. Ou que a tentação foi maior do que nós, ou coisa parecida. Quem houver recebido a Cristo como seu Salvador pessoal, terá a quem recorrer. Quem, porém, não o fez, será condenado, acusado de ter crucificado o Filho de Deus.

Duas perguntas diferentes: Quem crucificou a Jesus? E, por quem Jesus foi crucificado? De nada adianta entrarmos em controvérsias acerca de quem foi o responsável pela morte de Jesus. O que interessa não é se foram os judeus, ou se foram os romanos. Na verdade, foi a humanidade como um todo, a responsável por pregá-lO no madeiro. Entretanto, aqueles que O reconhecerem como seu Salvador, submetendo-se ao Seu senhorio, serão absolvidos desta acusação. Mesmo aquele que martelou os cravos que o fixaram na cruz (Lc.23:48). Em vez de se dizer que esses O crucificaram, será dito que por esses, Ele foi crucificado.

No final, quando todos estiverem diante do Tribunal Celestial, a humanidade será dividida em dois grupos: Os que lavaram suas próprias mãos, e os que tiveram seus pés lavados por Ele (Jo.13:5-8).

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah
 

3.3.10

Pastor, uma espécie em extinção

Por: Débora Borel 



Onde eles estão? Quem sabe onde podemos encontrar um bom pastor? Alguns dizem que eles estão extintos. Mas tenho tido notícias de homens e mulheres que sobem ao púlpito com este título.

Será somente um título!? Sim, porque títulos não geram abnegação, renúncia. Títulos não dobram joelhos nem curvam faces. Títulos podem até estender as mãos, desde que elas não voltem vazias. Títulos não amam, não cuidam sem interesse, não apascentam. Eles também não celebram a vitória de outros nem choram as suas dores.

Posso afirmar então que nem todo que se diz pastor é Pastor. Pode ser apenas um título. Então onde estão os pastores? Esses homens e mulheres que não olham para suas ovelhas como números. Que, ao invés de invadir o aprisco de outro pastor, estão preocupados com aqueles que Deus lhes confiou e de estender o pastoreio sobre os que ainda não fazem parte do Seu rebanho (o de Deus).

Onde estão os pastores que aprenderam com o Mestre Jesus que a chave da autoridade é a renúncia e a obediência? Esses pastores devem ter a mesma atitude de Jesus, que mesmo sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus. Ele aprende a se ausentar de si mesmo no intuito de dar lugar a outro. Ele não é sobre-humano, mas super-humano, isto é, humano de verdade. Ele chora, confessa que está com medo, pede ajuda, não abre mão da verdade para agradar os fariseus de plantão. O pastor, segundo o modelo do mestre Jesus, não tem uma sabedoria pautada no conhecimento, mas no temor. Reconhece os olhos de Deus por todos os lugares e sabe que não pode se esquivar deste olhar.

Alguém já disse que o Ministério Pastoral é um deserto. Talvez esteja aí a razão de não encontrarmos com facilidade bons pastores. Pois no deserto não há holofotes, há, sim, o sol escaldante na cabeça durante o dia e o frio cortante da noite. No deserto também não há aplausos, mas muitas murmurações de gente que questiona a fé, a autoridade que Deus delega e até o próprio Deus. Creio que alguns até iniciaram sua caminhada neste deserto, mas não puderam suportar a sensação do vazio, tão pouco o teste do coração.

O que me consola é saber que o próprio Deus é quem investe neste Ministério, pois ainda que alguns desistam e outros sejam apenas um título, há aqueles que permanecem firmes e constantes, cumprindo sua carreira e guardando a fé. Posso concluir então que Deus não instituiria este sacerdócio sabendo que seria impossível o seu cumprimento. Sendo assim, quando Deus chamar alguém ao Ministério Pastoral e este iniciar a sua caminhada no deserto, deve estar atento à nuvem que o protege durante o dia e à coluna de fogo que o aquece à noite. Deve contar também com o maná que desce do céu e com os mananciais que brotam da rocha. Acima de tudo, deve ter muito cuidado com as queixas para que elas não tomem o lugar da voz de Deus.

Aqueles que perseveram verão a glória de Deus. Serão testemunhas vivas da terra que produz leite e mel, tomarão posse da promessa e verão o Reino de Deus sendo estabelecido entre os povos. Que Deus nos ajude a achar esses pastores!

Fonte: Sepal

1.3.10

Teologia da prosperidade: Porque a odeio tanto?


Desde que comecei a minha militância cristã, tenho tido muitos choques com alguns adeptos da teologia da prosperidade. Com a promessa de riquezas, carros mansões e de uma saúde de ferro, os pastores adeptos desse movimento iludem os “fiéis” manipulando-os ao seu bel prazer.

É muito interessante notar que nos círculos da heresia da prosperidade, a benção do crente sempre está relacionada a algum tipo de sacrifício financeiro: o famoso “toma lá, dá cá”. Deus, nesse sistema teológico mercantil, é uma espécie de banco de crédito: Você dá o dinheiro pra ele, para depois receber o investimento de volta com juros e correção.

Muitos adeptos dessa teologia são telepastores e tele-evangelistas que vivem pedindo dinheiro para manter um programa no ar. O programa deles está sempre fechando as portas por falta de patrocínio, mas a verdade é que esses programas levam anos no ar e nunca fecham. Seria um milagre? Sim, talvez o milagre da multiplicação de marionetes, de novos parceiros-fiéis, socios-contribuintes do Show (da exploração) da Fé.

Acho que o que esses telepastores precisam, além de um bom óleo de peroba para passar na cara, é de uma aula de cristianismo bíblico. Se esses homens lessem a Bíblia, saberiam que Jesus nasceu num estábulo emprestado, proferiu suas pregações num barco emprestado, montou num jumento emprestado, recolheu o que sobrou dos pães e peixes num cesto emprestado e foi sepultado em um túmulo emprestado. Só a cruz era dele.

Pedro e João, quando subiam ao templo para orar foram interpelados por um mendigo coxo que pedia esmolas. Pedro disse àquele coxo: “não tenho ouro nem prata”. Creio que naquele dia o mendigo era mais próspero financeiramente do que Pedro, pois é possível que ele estivesse esmolando ali há algum tempo (o que lhe teria rendido algumas moedas). Contudo, Pedro e João tinham algo que aquele mendigo coxo não possuia: “Mas o que tenho, isso te dou...”

Cada vez que leio a narrativa de Atos dos Apóstolos, fico ainda mais revoltado com o que os modernos pastores estão fazendo com o cristianismo. Nos tempos do cristianismo primitivo, ser pastor significava tornar-se alvo. Eles eram os primeiros a morrer em tempos de crise e perseguição. Hoje é diferente: ser pastor significa ter status. E os crentes? Estes eram humilhados, aprisionados e açoitados, lançados às feras; outros eram queimados vivos na ponta de uma estaca para iluminar os jardins do imperador. Vejo isso e me pergunto onde está a prosperidade desses homens? Onde está a promessa de riqueza na vida deles? Será que eles não eram crentes? Sim, o eram. E em maior proporção que muitos de nós, que em meio à comodidade e ao luxo nos esquecemos de incluir Deus na nossa agenda diária.

E não é só na igreja primitiva que encontramos esses exemplos não: e o que dizer dos crentes de aldeias paupérrimas da África, que padecem das coisas mais necessárias e comuns? Crentes que fazem uma só refeição por dia e ainda agradecem a Deus pelo pouco que têm. Será que eles são amaldiçoados? Será que a promessa de prosperidade não se estende a eles? Quanta hipocrisia!

Quando ouço falar de pastores presidentes que ganham 100 salários mínimos e de telepastores cuja renda mensal ultrapassa a cifra dos milhoes de reais, ou ainda de salafrários que constroem mansões de mármore importado em Campos do Jordão, meu coração entristece ao ver o quanto nos distanciamos daquele cristianismo bíblico, saudável, puro e simples, que não promete riquezas na terra, mas garante um tesouro no céu.

Definitivamente, não posso compactuar com essa corja de ladrões, vendilhões do templo e comerciantes da fé. Não posso concordar com essa doutrina diabólica e anticristã que transforma o evangelho em uma empresa religiosa, em uma sociedade onde o distintivo do crente não é o amor, mas a folha de pagamento do “fiel”. Não consigo deixar de odiar esse sistema porco, imundo, onde o nome de Jesus é usado para ludibriar os ingênuos. Também não posso deixar de desmascarar esses falsos mestres, discípulos de Balaão, que por causa da paixão pelo vil metal vão além dos limites bíblicos e profetizam o que Deus não mandou. Minha alma é protestante, e por isso não posso calar. Sei também que há exceções, e que há muitos pastores que são sérios e não mercadejam a fé, mas acaso não são as exceções a confirmação de uma regra?

***
Fonte: Leonardo Gonçalves, cansado das falcatruas gospel dos seguidores de Gizuz, no Púlpito Cristão    (http://www.pulpitocristao.com/)

AINDA SOU DO TEMPO...

Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetiza semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.
E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!
Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornò, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomencalatura religiosa.
Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)
Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e avida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!
Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.
Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?
É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteje, não me deixa ser assim!"
Que Deus tenha piedade de nós.


Wagner Antonio de Araújo
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