26.9.11

JOYCE MEYER - TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.

Joyce é uma líder da Teologia da Prosperidade, a qual como a maioria dos seus mestres, tem transformado o sangue de Cristo em um líquido viscoso e dourado e este, por sua vez, é cunhado em barras de ouro para enriquecer os pregadores e embalar em sonhos dourados os que acreditam nessa teologia.

Infelizmente, nem tudo que reluz é ouro... Conforme o provérbio popular, e os ensinos de Joyce Meyer contêm algumas heresias embutidas e disso vamos dar alguns exemplos, antes de delinear a vida faustosa que essa “mulher de Deus” tem usufruído graças aos ensinos que agradam os ouvintes e lhe rendem altos dividendos.

Joyce Meyer, como Copeland e Haggin, não crê que Jesus tenha efetuado na cruz a completa reparação dos nossos pecados, conforme a Bíblia ensina. Ela acredita e ensina que Jesus precisou ir ao inferno e ser ali atormentado durante três dias, a fim de completar a reparação dos pecados da humanidade:

“Durante o tempo em que Ele permaneceu no inferno, o lugar para onde você e eu deveríamos ir, por causa dos nossos pecados... Ele ali pagou o preço... Nenhum plano seria extremo demais... Jesus pagou na cruz e no inferno... Deus levantou do Seu trono e disse aos poderes demoníacos que atormentavam o Seu Filho impecável: ‘Deixem-no ir’. Foi então que o poder da ressurreição do Deus Todo Poderoso entrou no inferno e encheu Jesus... E ressuscitou dos mortos o primeiro homem nascido de novo.” (“The Most Important Decision You Will Ever Make: A Complete And Thorough Understanding of What It Means To Be Born Again”, 1991, páginas 35-36 do original de Joyce Meyer).

Joyce continua: “Não existe esperança alguma para ir ao céu, a não ser que se acredite de todo o coração nesta verdade... Que Jesus tomou o nosso lugar. Ele se tornou o nosso substituto e sofreu todo o castigo por nós merecido. Ele carregou todos os nossos pecados. Ele pagou o débito... Jesus foi ao inferno em nosso lugar. Ele morreu por nós” (p. 45 do mesmo livro)

Joyce Meyer declara ostensivamente que não existe esperança alguma para se chegar ao céu, a não ser que se acredite nesta “verdade” que ela está ensinando, ou seja, que Jesus desceu ao inferno, sofreu nas mãos dos demônios e ali nasceu de novo. Isso é pura heresia. Mas vejamos outra heresia contida em sua obra. Joyce se considera impecável, conforme podemos escutar em sua fita de áudio intitulada: “What Happened from the Cross to the Throne?”:

”... Eu não deixei de pecar, até que finalmente entrou em minha cabeça dura que eu já não sou uma pecadora... Ora, a Bíblia diz que sou justa e não posso ser justa e pecadora ao mesmo tempo. Tudo que me ensinaram a dizer foi: ‘Sou uma pobre e miserável pecadora’. Ora, eu não sou pobre, nem miserável pecadora. Isso é uma mentira das profundezas do inferno. Isso é o que eu era, antes de nascer de novo, e se continuo sendo isso, então Jesus morreu em vão”.

Contudo, a Bíblia ensina na 1 João 1:8: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. Quem está mentindo: O Apóstolo João ou Joyce Meyer?

Como todo pregador de heresias, Joyce admite que recebe parte dos seus ensinos dos próprios anjos. Para ela e outros visionários a Palavra de Deus não é suficiente...

“Ora, os espíritos não têm corpos e, portanto, não podemos vê-los. Mas eu creio que existem vários anjos aqui, esta manhã, pregando para mim. Creio exatamente que, antes de fazer qualquer declaração, eles se inclinam para mim e me dizem ao ouvido o que eu devo transmitir a vocês” (“Witchcraft and Related Spirits - Fita de Áudio, Parte 1, 2A-27).

Como todo pregador de teologia ao gosto do ouvinte, Joyce Meyer tem uma legião de seguidores e na entrevista abaixo veremos a quanto chegam o seu prestígio e sua fortuna. Eis uma reportagem completa feita pelos repórteres americanos Carolyn Tuft (ctuft@post-dispatch.com) e Bill Smith (billsmith@pot-dispatch.com) sobre a vida e riqueza dessa importante figura dos meios carismáticos, a qual, aos 60 anos de idade, ostenta uma fortuna milionária como somente os pregadores da fé/prosperidade conseguem acumular. Têm a palavra os dois repórteres supracitados.

Joyce Meyer garante que tudo que ela possui veio diretamente dEle. Uma empresa internacional com capital de US$10 milhões; um Sedan Mercedes Benz cinza prata de US$107 mil (do seu marido); uma casa residencial de U$2 milhões e outras casas, (dos pais e dos 4 filhos) cada uma avaliada no mesmo preço, tudo isso, segundo ela diz, constitui-se em bênçãos vindas diretamente das mãos de Deus. [N.T - Ou como está claro, dos bolsos dos iludidos pelo desejo de enriquecer facilmente, seguindo a sua teologia]. Ela diz que tem sido uma carreira admirável, nada sem um milagre acoplado e sem um contador que dirige um dos maiores ministérios televisivos do mundo. Seu ministério espera arrecadar este ano nada menos de US$95 milhões.

“Olhem ao redor”, ela disse aos repórteres no mês passado, sentada atrás de sua escrivaninha, no 3º. andar do edifício de escritórios do seu ministério, no Condado de Jefferson. “Aqui estou eu, uma ex-dona de casa de Fenton, com uma educação do segundo grau... Como poderia alguém olhar para isso e ver outra coisa que não fosse de Deus?”

Em muitos aspectos, Joyce Meyer é uma Cinderela americana.

Descrevendo-se como tendo sido sexualmente abusada, negligenciada e abandonada quando era uma jovem esposa [no primeiro casamento], Mayer se transformou numa das mais famosas e bem remuneradas pregadoras da nação americana. Ela obteve sua “prosperidade” por meio da “fé”, que prega a milhões de pessoas. “Se você permanecer firme em sua fé, vai receber o pagamento... Eu agora estou vivendo na retribuição”, disse Meyer a uma audiência em Detroit...



Um dos aviões de Meyer



Aos 60 aos de idade, Meyer é uma avó, dirige o ministério junto com o marido Dave e os quatro filhos, com as respectivas esposas. Todos da família, inclusive as noras, recebem salários do ministério.

Mas, a maneira pela qual Meyer gasta o dinheiro do ministério com ela e a família pode estar violando uma lei federal, dizem os peritos em leis sobre impostos e taxas. Essas leis condenam os líderes dos grupos religiosos e outros grupos beneficentes que usam o dinheiro arrecadado para benefício próprio, aproveitando a isenção de impostos.

No mês passado, Wal Watchers, um dos grupos observadores, entre os que monitoram as finanças dos grandes grupos cristãos, foi convidado pelo International Revenue Service (IRS) para investigar Meyer e mais seis pregadores da TV, a fim de verificar se o seu status de isentos de impostos deve ser revogado.

Meyer e o seu advogado afirmam que ela está cumprindo escrupulosamente as leis federais. Conforme a revista Christian Life, Meyer é a mulher mais popular da América. No ano passado, ela foi a preletora principal da Christian Coalition’s Road Victory, um ajuntamento de alguns dos mais influentes líderes da política conservadora. Hoje em dia, os seus shows na TV, suas conferências regionais e arrecadação de fundos através do seu website, rendem em média U$8 milhões mensais. Desse total, o ministério afirma que despende cerca de 10%, ou uma média de US$880 mil mensais, com obras de caridade através do globo.

A estrela de Meyer tem brilhado tanto que até ela mesma fica admirada. “Dave e eu nos sentimos quase como: será que esses aí somos nós mesmos? Sentimo-nos como sendo as pessoas mais abençoadas e honradas da terra!”.

Cada nação, cada cidade

O ministério de Meyer se estende por todo o globo. De uma área de shows radiofônicos, em 1983, distante cinco minutos de St. Louis, ele se expandiu por transmissão via satélite e pela Internet. Nos EUA, o show de TV “Life in the Word” chega ao ar a 43 estados, através de canais locais, desde Pembina, N.D., e Crowley, LA, até Boston, Detroit, Los Angeles e St. Louis.

Meyer se tornou o modelo da dona de casa nas áreas do Canadá, México, América do Sul, Europa, África, Austrália - uns 70 países ao todo, conforme está escrito na revista do seu ministério. Ela diz que o ministério recebe 15 mil cartas por mês, somente da Índia. Em setembro, a tradução do seu programa na língua árabe já começou com seis transmissões diárias na rede de TV Life Channel, no Oriente Médio. Meyer espera usar a rede de TV para levar a mensagem do Cristianismo a 31 nações islâmicas.

“Vocês precisam colocar em mente que pessoa alguma jamais conseguiu fazer isso... quando uma mulher do Ocidente se apresenta em trajes ocidentais pregando o evangelho de Jesus na língua árabe pode ser bem interessante!”, disse Meyer. Ela e seu marido afirmam que o ministério tem o potencial para atingir 2,5 milhões de pessoas em cada dia da semana.

Apesar de tanto sucesso no ministério o casal afirma que ainda tem muito trabalho para fazer. “Cada vez que nos sentimos como se tivéssemos chegado ao ápice, Deus nos abre mais portas”, diz Meyer.

O recente slogan do casal, impresso em um poster colocado no quartel general do ministério e nas flâmulas de suas conferências, estabelece um objetivo ambicioso para o futuro: “cada nação, cada cidade”.

Seguidores fiéis e críticos ferozes



Uma das modestas propriedades de Meyer



A pregação convincente e às vezes humilde de Meyer tem angariado uma legião de seguidores, principalmente mulheres, que nela vêem tanto uma ministra como uma amiga confiável. “Ela é tão prática... Ela faz com que tenhamos a impressão de que ela é nossa irmã, que se relaciona e nos compreende sem condenação e sem julgamento”, disse a motorista de ônibus, Eva McLemore, de 43 anos, em uma das conferências de Meyer em Atlanta. [N.T. - Aqui está o segredo do sucesso de todo pregador que prega somente o amor de Deus, sem jamais fazer qualquer advertência contra o pecado, ressaltando a necessidade de arrependimento].

O estilo de Meyer tem angariado a crítica dos que a consideram uma propagandista do carnaval do “fique-rico-depressa”, o qual tem como único foco: conseguir o máximo de dinheiro do maior número de pessoas no menor espaço de tempo.

Ole Anthony, líder da Trinity Foundation, uma instituição religiosa de observação, situada em Dallas, diz: “Ela pertence ao gênero típico dos tele-evangelistas que enriquecem à custa das pessoas pobres a quem supõem estar ministrando”.

Além de ser uma pregadora carismática, Meyer é autora de 50 livros sobre uma variedade de tópicos, desde livros de auto-ajuda, sobre dietas e casamento até os mais profundos temas filosóficos. Dois dos seus livros mais recentes - “Knowing God Intimately” (Conhecendo Deus Intimamente) e “How to Hear From God” (Como Escutar Deus) - tratam da edificação de um relacionamento com Deus, embasado na fé. Ela também vende fitas de áudio e vídeo, em quantidade bastante para preencher várias páginas do catálogo do seu ministério.

Meyer não se desculpa por oferecer os seus livros e fitas e nem por solicitar, incansavelmente, em seu website, nos shows da TV e em suas conferências, ajuda para o seu ministério, explicando: “Eles não me dão a TV de graça... O evangelho é grátis, mas os seus meios de divulgação custam caro!”

Uma inclinação pelas coisas bonitas

Meyer gosta de coisas bonitas e de gastar com as mesmas. Desde um relógio francês de US$11 mil, no quartel general em Fenton, até um barco Crownline de US$105 mil, ancorado em sua mansão de férias no Lago Ozarks. Está claro que o seu gosto tende mais a Perrier [água mineral parisiense de luxo] que para água da bica. “Você pode ser um rico homem de negócios aqui em St. Louis e todo mundo vai achar isso maravilhoso, mas quando você é um pregador, isso logo se transforma em problema... Mas a Bíblia diz: “Daí e dar-se-vos-á”, Meyer disse.

O quartel general do ministério é uma jóia de três andares construída em tijolos vermelhos, com um esmeraldino gramado na parte externa, assemelhando-se a um luxuoso hotel resort. Construído há três anos, ao custo de US$20 milhões, o edifício e os jardins são um perfeito cartão postal, com canteiros de flores feitos à mão e belas alamedas para se alcançar uma cruz iluminada. A entrada para o complexo de escritórios é ladeada por bandeiras das nações já alcançadas pelo ministério. Uma grande escultura representando a Terra está no alto do edifício, com uma Bíblia aberta, perto do estacionamento. Do lato externo da entrada principal, vê-se a escultura de uma águia pousada no galho de uma árvore, próxima a uma queda d’água artificial. Uma mensagem em letras douradas saúda os empregados e os visitantes, na via de entrada: “Vejam o que o Senhor tem feito!”

Umas 510 pessoas trabalham ali. O escritório do ministério é igual a qualquer outro escritório comercial, onde os funcionários abrem a correspondência; os contadores contam o dinheiro; os editores empilham fitas de vídeo a serem enviadas para os clientes. O único sinal de igreja ali dentro é uma capela, a qual permite exclusivamente aos empregados o acesso à adoração. O edifício é decorado com pinturas e esculturas religiosas e móveis de alta qualidade. Muitos desses, diz Meyer, foram escolhidos por ela mesma.

Uma lista de acesso ao Condado de Jefferson oferece um lampejo de muitos desses itens: um par de vasos de Dresden (US$19 mil); seis vasos de cristal da França comprados por US$18.500; uma porcelana de Dresden pintada com a Natividade (US$8 mil); dois gabinetes originais (US$5.800); uma porcelana com a crucifixão (US$5.700); um par de vasos alemães comprados por US$5.200. [Somente aqui temos mais de US$60 mil em peças delicadas].

A decoração dos escritórios inclui uma mesa redonda em malacacheta, de US$30 mil; uma cômoda antiga com tampo de mármore de Carrara (US$23.000); uma estante de escritório de US$14.000; uma porcelana de Dresden mostrando a Via Sacra (US$7 mil); a escultura de uma águia sobre um pedestal (US$6.300), uma águia de prata comprada por US$5.000 e inúmeras pinturas adquiridas ao preço de US$1mil e US$4 mil cada uma.

No interior do escritório de Meyer, está uma mesa de conferência com 18 cadeiras, comprada por US$49.000. As obras de madeira em seu escritório e no do seu marido custaram US$44 mil. O registro total da propriedade pessoal do ministério apresenta uns US$5,700 milhões em móveis, obras de arte, porcelanas, cristais e um equipamento de última geração em maquinaria que enche os 158.000 metros quadrados do edifício. [N.T. - Neste complexo de tanta prosperidade caberiam nada menos de 3.160 apês iguais ao da tradutora, a qual, até o momento, só conseguiu prosperar na GRAÇA!].

Até este verão, o ministério também possuía uma frota de veículos no valor médio de US$440 mil. O assessor do Condado de Jefferson tem-se empenhado para que o complexo e o seu conteúdo entrem no rol dos impostos, mas até agora nada conseguiu.

Carros esporte e aviões de alto estilo

Meyer dirige um carro esporte conversível Lexus SC, modelo 2002, avaliado em US$53 mil; seu filho Don, de 25 anos, dirige um Sedan Lexus 2001, do ministério, avaliado em US$46 mil. O marido de Meyer dirige um Sedan Mercedes Benz S 55 AMG e Meyer diz: “Meu marido gosta muito de carros”. Os Meyers mantêm, no Aeroporto de Chesterfield, um jato Canadair CL-600 Challeger, do ministério, o qual, segundo Meyer, vale US$10 milhões. O ministério emprega dois pilotos em tempo integral, para levarem os Meyers às conferências ao redor do mundo. Meyer chama esse avião de “o salva vidas” dela e da família: “Ele nos capacita em nossa idade a viajar literalmente pelo mundo inteiro, a fim de pregar o evangelho... e com muito maior segurança do que os vôos comerciais”.

A segurança é muito importante para Meyer, a qual declara que já recebeu ameaças de morte. Ela tem uma divisão do ministério dedicada à segurança. Seus oficiais usam pistolas; eles guardam o portão de entrada do quartel general, mantendo lá fora quaisquer pessoas que não sejam empregados ou visitantes convidados. O ministério comprou uma casa de US$145 mil, onde reside o chefe da segurança, sem pagar aluguel, a fim de que ele fique próximo ao quartel general do ministério.

O composto familiar

O ministério também comprou casas para os empregados principais. Desde 1999, o ministério tem gasto pelo menos US$4 milhões em cinco casas para Meyer e seus filhos, perto da Interstate 270 e da Gravois Road, no Condado de St. Louis, conforme registrado no Condado. A casa de Meyer, a maior das cinco residências, tem 10.000 metros quadrados em estilo Cape Cod, com um anexo para convidados e uma garagem com capacidade para oito veículos, a qual pode ser independentemente aquecida ou resfriada. A propriedade de três acres tem uma grande fonte e um lavabo alto, com vista panorâmica, uma piscina e uma casa anexa, onde o ministério construiu recentemente uma sauna de banho de US$10 mil.

O ministério assume as despesas do uso, manutenção e vista panorâmica das cinco casas. Ele também paga as reformas. Os Meyers autorizaram a principal obra de reforma à custa do ministério, logo depois que o ministério comprou 3 das cinco casas.

Por exemplo, o ministério comprou uma casa, nivelou o terreno e em seguida construiu uma nova casa no sítio, para a filha do casal Meyer - Sandra - e seu marido, conforme registros no Condado.

Até mesmo os impostos da propriedade - US$15,629 anuais - são pagos pelo ministério. Meyer diz que este é um “bom investimento” para o ministério e que ele mantém o custo da posse e manutenção porque a família é ocupada demais para cuidar dessas tarefas.

“É duro demais ocupar-se com alguma coisa quando se viaja tanto como nós viajamos” , diz Meyer. Ela disse que as leis federais permitem que os ministérios comprem habitações para os seus empregados, de modo que esse arranjo não viola qualquer proibição aos benefícios pessoais. Ela disse ainda que a decisão de manter a família reunida foi a maneira de construir uma barreira de proteção, a fim de assegurar a todos maior privacidade e segurança. “Colocamos boas pessoas ao nosso redor... Obviamente se eu tentasse esconder alguma coisa ou pensasse em fazer algo errado, não residiria na esquina da Gravois e na 270...”

Seguro Irrevogável

Meyer diz que espera o melhor de onde ela mora e, como é muito observada, o seu vestuário é talhado em alta escala na loja de roupas do West County. Em suas conferências, ela sempre usa jóias com muito brilho, inclusive um enorme anel de diamante que afirma ter recebido de presente de um dos seus seguidores. Ela tem um cabeleireiro particular e, há alguns anos, contou a alguns empregados que iria fazer um “lift” facial. Nem tudo é pago pelo ministério.

No ano passado, os Meyers compraram um rancho por US$500 mil, em frente a um lago, em Porto Cima, no quarteirão de um clube particular de Ozarks. Algumas semanas depois, eles compraram dois jet-skis idênticos e um barco Crownline de US$105 mil, pintado de vermelho, branco e azul, o qual foi batizado de “Patriota”. No ano 2000, os Meyers também compraram para os seus pais uma casa de US$130 mil, a poucos minutos de onde residem. Os Meyers colocaram o carro Mercedes, a casa do lago e a residência dos pais num seguro irrevogável, um arranjo que os peritos dizem que ajuda a protegê-los de quaisquer problemas financeiros do ministério.

Meyer diz que não precisa defender-se do modo como gasta o dinheiro do ministério. Ela diz: “Nós ensinamos e cremos biblicamente que Deus deseja abençoar o povo que O serve; portanto, não há necessidade de nos desculparmos porque somos abençoados.”

O pessoal de confiança

Para a maioria das pessoas, Meyer pode gastar o dinheiro do ministério da maneira que lhe aprouver, pois o pessoal da diretoria é escolhido a dedo. Esse pessoal consiste de Meyer, seu marido e os 4 filhos - todos eles remunerados - além dos seis amigos mais íntimos do casal (Os oficiais do ministério disseram que a filha Laura Holtzmann pediu demissão, mas nos registros estaduais o nome dela ainda consta).

“Nossa família é de ajuda imensa para nós... Jamais poderíamos fazer tudo isso sem ter alguém em quem pudéssemos confiar”, diz Meyer.

Os membros do staff - Roxane e Paul Schermann - são amigos tão chegados que durante mais de uma década residiram na casa dos Meyers. O ministério empregou os dois como gerentes de alto nível e em 2001 comprou para eles uma casa de US$334 mil. Roxane e Paul Schermann já não trabalham no ministério, embora Schermann continue como gerente remunerado da divisão. Os Schermanns compraram a casa do ministério, pelo mesmo preço, em janeiro.

Delanie Trusty, a contadora do ministério, também serve como secretária da diretoria. A diretoria decide como deve ser gasto o dinheiro do ministério. Os salários de Meyer e de sua família são estabelecidos pelos membros da diretoria, que não são membros da família nem empregados do ministério. O advogado de Meyer diz que os arranjos concordam com os regulamentos do IRS.

“Nós certamente não gostaríamos de ter inimigos nem pessoas desconhecidas na diretoria, pois isso não faria sentido... Qualquer pessoa deseja ter uma diretoria a seu favor”, disse Meyer. Os salários de Meyer, do marido, dos filhos e respectivos cônjuges é um segredo que o ministério recusa-se a revelar. “Não faço mais do que devo... E estamos definitivamente dentro dos regulamentos do IRS”, disse Meyer.

...

Os seguidores continuam leais

Os seguidores de Meyer parecem não se preocupar com o que ela gasta consigo mesma, do dinheiro do ministério. Em entrevistas com alguns desses seguidores, em sua conferência em Atlanta, em Agosto, todos disseram que Meyer os ajuda espiritualmente e, portanto, merece a sua riqueza.

William Parton, 32 anos, policial em Atlanta, disse que as pessoas não deveriam se preocupar com o que Meyer faz com o dinheiro e disse: “Eu acho que os Meyers estão fazendo o que Deus os chamou para ser feito; eles têm os seus seguidores e as pessoas gostam de ouvi-los, mesmo que seja apenas para efeito de entretenimento, exatamente como fazem com os atletas do esporte, e eles merecem viver conforme os seus meios lhes permitam viver”.

Michael Scott Horton, professor de teologia no Westminster Theological Seminary, em Escondido, CA, disse que atitudes como a de Parton são exatamente as de que tele-evangelistas como os Meyers se aproveitam: “Essa pobre gente do povo deseja acreditar que possui esse tipo de fé... a ponto de arriscar tudo para comprová-la, conforme o ensino de um suposto homem de Deus que está diante dela”.

Nenhum dos seus críticos parece perturbar Meyer. Ela garante que o seu sucesso material é um reflexo do seu compromisso com Deus. Conforme ela mesma coloca, “a Bíblia inteira realmente tem uma só mensagem: ‘obedeçam-me, fazendo o que eu ordenar, e então serão abençoados’.” [N..T., Só esta mensagem? E onde ficam as mensagens da cruz, do arrependimento, e do amor ao próximo? Paulo diz em Gálatas 5:14: “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Será que um evangelista que prega o espúrio evangelho da fé/prosperidade ama realmente o próximo... OU simplesmente a sua conta bancária?]





Artigo “From Fenton to fortune in the name of God”

(“Joyce Meyer says God has made her rich”), Carolyn Tuft e Bill Smith

Traduzido por Mary Schultze http://www.cpr.org.br/Mary.htm

Divulgação Genizah



25.9.11

Evangelho Não em Palavras, Mas em Poder

Por Robert Murray M'Cheyne (1813-1843)

"Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós, e por amor de vós" 1 Ts. 1:5

Muito feliz é o pastor que pode dirigir ao seu povo estas palavras. Ó! que todos os nossos pastores pudessem, verdadeiramente, dizer isto. Porque não é assim? Certamente se fossemos determinados, como Paulo, a "nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado", se fôssemos cheios do mesmo Santo Espírito, se vivêssemos a mesma vida devota e levássemos a mesma mensagem noite e dia, com lágrimas, deveríamos ser capazes de usar estas preciosas palavras. "Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos".

O dia de Pentecostes foi a época dos primeiros frutos. O dia da colheita está por vir. Os apóstolos tiveram a primeira chuva. Nós esperamos pelo tempo das últimas chuvas.

1) Meditemos sobre um ministério mal sucedido.


O evangelho chega ao povo só em palavras.

Quão freqüentemente um pastor fiel prega o evangelho e o povo parece bebê-lo com alegria! Uma áurea de eloqüência natural ilumina tudo o que ele diz ou ele tem um estilo emocionado e brando que prende a atenção deles, mas nenhum efeito salvífico parece segui-lo. Corações não são quebrantados e nenhuma alma adicionada à Igreja. Assim foi com Ezequiel "Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra" (Ez. 33:32). Estes são aqueles que recebem a palavra em solo pedregoso; eles ouvem a palavra e sem demora, com alegria, a recebem, mas não tem raiz em si mesmos e ela perdura somente por pouco tempo.

Ó minha alma! tu estás contente em receber o evangelho somente em palavra? Pode um faminto ser alimentado somente com o aroma do alimento? Ou pode um mendigo tornar-se rico somente ouvindo o tilintar do dinheiro? E pode a minha alma faminta encontrar descanso pelo ouvir dos címbalos do evangelho? É temeroso cair no inferno sob o som da misericórdia do evangelho.

Mas há alguns que não somente ouvem o evangelho, mas conhecem o evangelho; e ainda assim ele chega a eles somente em palavras. Quantas crianças crescem sujeitas a pais piedosos, bem catequizadas nas verdades divinas, bem disciplinadas na Bíblia, tendo compreensão do evangelho e possuidoras de todo conhecimento; nenhum ponto é novo para elas. E mesmo assim, não têm visão espiritual; não provam nem vêem que Cristo é bom; não há pedra embaixo de seus pés. Ah! estes são os mais miseráveis de todos os ouvintes inconversos. Eles afundarão mais baixo do que Cafarnaum. Ah! quantos filhos de pastores, quantos professores de escola dominical, quantos pregadores do evangelho podem saber, que o evangelho os alcança somente em palavras e nunca em poder. Quão triste é perecer apontando para a cidade de refúgio; pregar a outros para então ser rejeitado.

Mas há um caminho mais excelente. Voltemo-nos para meditar nele:



2) Um ministério bem sucedido: "nosso evangelho chegou ate vocês em poder".

Que coisa ineficaz o evangelho parece algumas vezes. O pastor é meio envergonhado dele. O povo dorme ante suas mais impactantes afirmações. Porém, em outras vezes, o evangelho é evidentemente, "o poder de Deus para a salvação". Um poder invisível acompanha a palavra pregada, e o templo parece ser a casa de Deus e o portão do céu. Então a palavra de Jeremias é cumprida: "Não é minha palavra fogo, diz o Senhor, o martelo que esmiuça a penha?" (Jr.23:29). Então pecadores resistentes são despertados. Idosos, os de meia-idade e crianças pequenas são levados a clamar: "O que devo fazer para ser salvo?" Um silêncio impressionante toma conta da assembléia. As flechas do Rei de Sião penetram no coração dos inimigos do Rei e o povo é humilhado sob Ele. Ó pecador! o evangelho chega a ti em poder? O martelo do evangelho tem quebrado teu coração de pedra? O fogo da palavra tem derretido teu coração gelado? Tem a voz que é "como o barulho de muitas águas" falado de paz para a tua alma?

"Nosso evangelho chegou até você no Espírito Santo". É Ele, a terceira pessoa da Santa Trindade, que faz com que o evangelho chegue em poder. Era Ele quem "pairava sobre a face das águas", quando este mundo estava sem forma e vazio, e trouxe vida e beleza a um mundo morto (Gn.1:2). É Ele quem se move sobre a face da natureza silenciosa, quando o inverno passa, e traz a vida fresca da primavera para fora do solo frio: “Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas a face da terra” (Sl.104:30). Mas acima de tudo, é trabalho do Espírito Santo retirar a futilidade dos corações dos pecadores, de tal forma que eles se voltem para o Senhor (2 Co. 3:16). A mente carnal tem uma inimizade tal com Deus, o pecador inconverso está tão morto nos seus delitos e pecados, o homem carnal é tão ignorante das coisas divinas, que precisa haver o trabalho do Todo Poderoso Espírito, avivando, iluminando e tornando-o desejoso, antes que o pecador aceite a Jesus.

Ó pecador! O Espírito Santo veio até você? Doce é a paz que gozam aqueles ensinados por Ele. Quando é tempo de sequidão, pastores militam em vão; eles gastam suas forças por nada e em vão. Eles se sentem como que parados à beira mar, falando às pedras duras, ou às ondas violentas, ou ao indomável vento. Mas, quando o Espírito Santo vem, os mais débeis instrumentos são feitos poderosos, "poderosos em Deus, para demolição de fortalezas". Ó! Ore por tal tempo.

"Nosso evangelho chegou até vós, em plena convicção". Este é o efeito na alma, quando a palavra vem com poder, através da obra do Espírito Santo. A alma, assim instruída, tem uma doce convicção da verdade referente as grandes coisas reveladas no evangelho.

Quando um homem contempla o sol, ele sente uma certeza de que ele não é trabalho de homem, mas de Deus. Também quando um pecador tem seus olhos ungidos, ele vê a beleza gloriosa e a abundância de Cristo, de forma que seu coração se enche com uma confortável certeza da verdade do evangelho. Ele não pergunta por evidências. Ele vê evidência suficiente no próprio Cristo. Ele diz: eu sou todo culpado, Tu és Jeová minha justiça. Eu sou todo débil, tu és Jeová meu estandarte. Eu sou todo vaidade, em Ti habita toda a plenitude da divindade. "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios”. É isto que enche o peito com jubilo e paz. É isto que dá um doce senso de perdão e proximidade com Deus. É isto que nos capacita a orar. Agora podemos dizer: "Então minha alma se regozijará no Senhor; exultará na sua salvação"; "Eu sei que o meu Redentor vive"; "Quem nos separará do amor de Cristo?".

Este é o evangelho que chega em plena convicção. Ó! Feliz ministro que pode tomar estas palavras de Paulo e dizer "nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós, e por amor de vós".

Tua igreja é tua alegria aqui, e será tua coroa por toda a eternidade.


Quatro teses sobre o que é “ser santo”

9/9/2011 12:46:55


Por Jonathan Menezes


“Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: ‘Sejam santos, porque eu sou santo” (1Pedro 1.15-16).

Quatro... É o número de vezes em que a sentença “sejam santos, porque eu sou santo” aparece somente no livro de Levítico – sem contar com esta passagem da primeira carta de Pedro, é claro, que faz referência àquela. Qual é a possível mensagem implícita nesta sentença? A de que devemos ser “iguais a Deus”? A de que nos compararemos a Ele em sua Santidade? A de que devemos lutar para que a santidade seja possível? Três vezes não! Mas, num primeiro plano, aparece a mensagem de que Deus, o Senhor, que tirou seu povo da terra do Egito, é “Santo”, isto é, incomparável, está “acima de todo nome”, não há outro igual a Ele, não é e nem pode ser idêntico a outros deuses, nem tampouco às formas, fórmulas ou nomes que tentam “descrever” Deus. Ele é o que é...


A Santidade, nesse sentido, é o que torna impossível qualquer espécie de cogitação sobre Deus, qualquer teologia que possa ser feita, por ser “sobre Deus”, ou visando “nomear Deus”. E a graça é o que torna, em contrapartida, possível a teologia como resposta ao falar e ao agir desse Deus Santo, no nível de nosso entendimento sobre ou da nossa experiência com este Deus.

Mas, em que medida se pode ser santo “como Deus é...”? Diria que não na medida em que ambicionamos a santidade, pois ser santo não é propriamente ambição, mas vocação. Ninguém “ambiciona” a santidade neste sentido (bíblico) estrito, pois não há vantagem, status ou benefício direto algum em ser santo. Não me torno melhor e nem pior que ninguém. Não ganho nenhum “Prêmio Nobel de Santidade”. Sou apenas “diferente”, e diferente “apenas”. E assim sou na medida em que me deixo levar pelo jeito divino de me fazer diferente sem ser extraterreno ou extra-humano – o que demonstra que a santidade sobre a qual falo não tem nada a ver com a conotação religiosa do santo-beato.

Santos, portanto, são chamados. Pedro diz: “Santo” é “aquele que os chamou”. Paulo, quando escreve aos Romanos – e esta é uma linguagem que repetidamente aparecerá em suas cartas – assim endereça: “A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos” (Romanos 1.7). Santidade, então, não é essencialmente um alvo humano, mas alvo de Deus para a humanidade; os que são chamados “santos” na perspectiva bíblica não o são porque perseguiram este caminho ou porque fizeram “das tripas o coração” para se tornarem “santos” aos olhos de Deus e do mundo, mas porque foram “perseguidos” e atraídos por e para esta via, que é uma via de graça.

Ser santo, assim, é um fado, isto é, um destino, uma vocação. Um fado que pode se tornar fardo, às vezes, seja (dentro de um estado “normal” de coisas) quando reconheço a complexidade dessa carreira que me está proposta (fardo-desafio, que pode ter tonalidades positivas), ou, pior, é fardo quando penso que a santidade depende de mim e de meus esforços “apenas” para existir (dentro de um estado “anômalo” de coisas). Ao mesmo tempo, é uma vocação que pode e deve ser alegre, leve, cheia de vida, à medida que não se separa da graça de Deus, nem da beleza de viver e de ser humano, conformando-me com o exemplo do “filho do homem”.

Gostaria de propor, em suma, quatro teses (não inéditas) que endereçarão (parcialmente) a perspectiva que hoje tenho sobre santidade:

1. Ser santo, como Deus é santo, implica em despretensiosidade ou em aceitar-se como se é.

O que, no caso da santidade, significa assumir-se como um ser pecador e naturalmente incapaz de santidade. Nisto se configura o que Tillich chamou de “a coragem de ser”: “aceitar-se como sendo aceito, apesar de ser inaceitável”. Ele ainda acrescenta que “não é o bom, ou o sábio, ou o piedoso, quem está destinado à coragem de aceitar a aceitação, mas aqueles que são faltos de todas estas qualidades e estão certos de serem inaceitáveis” (Tillich, 1972, p. 128).


2. Ser santo, como Deus é santo, implica em abraçar a condição (contingente) de “ser como uma parte”, continuando a pensar com Tillich (1972, p. 70), e de se colocar, assim, como um ser sempre a caminho de se tornar.

Nisto também se configura a vocação: ela não é para aqueles que já-são, mas para os que, pela graça, podem vir-a-ser. Não seria este o convite do próprio Jesus: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores” (Marcos 2.17)?

3. Ser santo, como Deus é santo, implica em esvaziar-se da ambição diabólica de “ser como (igual) a Deus”, e cobrir-se, em contrapartida, de humanidade, de “nova humanidade”. Parafraseando Zélia Duncan e Mosca na música “Carne e sangue”, me cobrir de humanidade me fascina e me aproxima do céu.

Caminhar com Deus é um privilégio e uma dádiva, e não a conquista dos “caçadores de Deus” e suas formas de religiosidade sem conteúdo e sem vida, e, como disse J. Urteaga, cheias de “falsas virtudes que ocultam uma vergonhosa covardia” (Urteaga, 1967, p. 75). Santidade que nos priva da vida e da benção de ser apenas humano não vem de Deus. Pois, segundo Elienai Cabral Jr. (2009, p. 17), ela “subestima a vida humana e impõe uma agenda de pretensa divinização da vida. Insinua uma existência sem tensões, medos, dúvidas e aflições. Sem pequenos prazeres. Sem alegrias banais. Sem dança, festa, riso, vinho e amor”.

4. Ser santo, como Deus é santo, implica, por fim, na inconformidade com qualquer outra medida que não seja a “medida da estatura da plenitude de Cristo”, sobre a qual falou Paulo (Efésios 4.13). Para isto, é preciso “estar em Cristo”, que é tudo o que possibilita o caminhar em santidade de vida. O estar em Cristo me torna uma nova criatura. O “velho”, fraturado, vai dando lugar ao “novo”, em construção, e à “novidade de vida”.

Em suma: tendo sido feito-santo, não deixo de ser humano, que, por si só, é incapaz de santidade ou contingente. A diferença é que, agora que fui alcançado pela graça, existe algo que me move rumo a um horizonte de vida abundante ao qual, por enquanto, experimento apenas de relance. A ideia de santidade como vocação me faz pensar, assim, que existe um já que se apresenta como convite e como possibilidade de um vir a ser diário na graça. O santo-humano tem também seus demônios. Aprendendo a conviver com eles, sem a eles se render totalmente, é o que consiste em aceitar diariamente ao convite. Santidade sem sanidade (expressão de Robinson Cavalcanti) gera gente doente, e não gente santa. Em outras palavras, o anseio pela santidade sem o Evangelho não vira santidade, vira patologia.



Referências Bibliográficas

CABRAL JUNIOR, Elienai. Salvos da perfeição: mais humanos e mais perto de Deus. Viçosa, MG: Ultimato, 2009.

TILLICH, Paul. A coragem de ser. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.

URTEAGA, Jesus. O valor divino do humano. São Paulo: Quadrante, 1967.




O ouvido musical: uma reflexão sobre formação e percepção para o louvorO ouvido musical: uma reflexão sobre formação e percepção para o louvor


28/8/2011 23:44:32

Por Nivea Lazaro

Após longo e tenebroso inverno... Bem, na verdade, estamos ainda aguardando a primavera! Penso que talvez seja assim também com respeito aos cânticos de louvor da nação cristã brasileira, principalmente os dominicais, que cantamos em nossas igrejas. Um raio de sol aqui, ali, algumas flores ameaçando abrir em botões em jardins remotos e outras já abertas, porém desconhecidas do grande público. Além disso (continuando a metáfora), há as lindas rosas, lírios, gerânios, crisântemos que enterramos no baú do cantor cristão, na harpa cristã etc etc.

Um exemplo sintomático disso e que pude experienciar em uma das igrejas da região do Brasil em que estou (sudoeste da Bahia): domingo pela manhã, momento de louvor. Um grupo de aproximadamente oito adolescentes no púlpito, liderados por uma jovem ministrante de cabelos castanhos e pontas vermelho-alaranjadas conduzem a igreja durante o período de louvor. A impressão era de que havia um jardim no palco, todos coloridos que estavam (um “Restart gospel”?). Passaram a palavra para uma missionária que trouxe a mensagem naquela manhã. Ao final da pregação, ela pediu que tocassem um cântico que, de certa forma, sintetizava toda sua mensagem. Devo dizer, seria como aquele arremate perfeito para uma peça de crochê. Naturalmente, solicitou ao mesmo grupo de adolescentes que executasse a música, mas nenhum deles a conhecia. No entanto, toda a igreja cantou com ela e sem projeção da letra.

Diante dessa pequena história, impossível que não emergissem algumas questões: quais os processos que fizeram com que eles desconhecessem um cântico que, em determinado período da igreja, foi tão conhecido? O que se está cultivando nas igrejas protestantes em termos de música? As respostas não são simples e não são também particulares ao meio cristão. Esses dias, vendo um documentário sobre samba de partido alto (o “samba de improviso”) e observando a destreza dos “partideiros” em compor versos com rica elaboração em termos de versificação, síncope e contratempo, impossível não me perguntar sobre os processos que levaram a mesma massa que admirava tais composições hoje ouvir... O que ouve.

Esta é uma questão que “dá pano pra manga”, como se diz. Mas talvez alguma luz sobre a ponta do iceberg se mostre. Uma metáfora que me ocorre diz respeito, por exemplo, à língua. Ouvi de uma professora na universidade que, para os esquimós, há muitos nomes para a cor branca. Ora, em terras tupiniquins, não há neve e a cor branca está mais presente nas paredes das casas do que na terra propriamente dita. É compreensível que, para vários tipos de branco dos esquimós, nós só compreendamos, simplesmente, “branco”. Não enxergamos todos os matizes, as nuanças. Nosso olhar não foi treinado para isso. A partir daí, outro ponto decorre e, talvez, mais polêmico (dado seu aparente caráter de exclusão): um artista plástico nunca enxergaria a pintura da forma que um cantor a vê. O olhar do artista é treinado para este enfoque. De semelhante modo, um cantor profissional não admira a música da forma que um chef admira. Além de particularidades psicológicas e culturais de cada indivíduo, sua formação musical (teórica e/ou prática) lhe direciona o olhar, filtra sua percepção. Por esta razão, considero superficial afirmar “um músico pode gostar tanto de música quanto um pintor, um cozinheiro”. Uma observação pouco acurada já coloca este tipo de afirmação em dúvida.

Retornando à história dos jovens ministrantes de louvor, à luz dos pontos acima, outra questão que se coloca diz respeito, especificamente, à formação e educação musical no Brasil. Se tomarmos por hipótese que no Brasil houvesse educação musical que atendesse às necessidades (e aqui, outro ponto para discussão) dos alunos desde a institucionalização do ensino no país, teríamos grande parte de um estado ouvindo um estilo de música conhecido por “arrocha”? Acredito que não se trata de uma previsão tão difícil de fazer.

Certamente, o momento histórico de cada período é grande fator de influência (tanto para o que ouvimos quanto para o que produzimos); entretanto, é preciso que se pergunte: em que medida o que se toca nas igrejas faz parte da identidade de seu povo? Em que medida a música que produzimos e ouvimos nos faz aprender de forma geral e nos ajuda a edificar um corpo coeso em amor? E, novamente, como sino de catedral, uma questão que deve sempre ressoar: em que medida a música que se produz nas igrejas revela a grandiosidade do Deus que busca contemplar?



Nivea Lazaro

Nivea Lazaro é mestre em Ciência da Arte pela UFF com pesquisa nas áreas de Etnomusicologia, Música e Antropologia. É professora de inglês e português. Atualmente, está desenvolvendo projetos culturais e gosta muito de desbravar esse vasto Brasil que Deus criou.




NOVE RAZÕES PODEROSAS PARA CRER NO ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULAÇÃO

Que estas possam convencer os cristãos que mais duvidam do Arrebatamento pré-trib. O clima espiritual, político, econômico e ambientalista do mundo atual está seguindo rapidamente a rota da Grande Tribulação. Este período de sete anos não poderá ter início, antes do Filho de Deus arrebatar a Sua Noiva. Tentaremos mostrar nove princípios bíblicos poderosos e claros para que o Arrebatamento pré-trib aconteça. Somente depois que estas coisas acontecerem é que a Grande Tribulação vai chegar, quando a porta for aberta, Satanás for atirado à Terra e... “Ai dos que habitam na Terra e do mar!” (Apocalipse 12:12).

Satanás ficará livre para agir, quando a Noiva de Cristo for removida, e, então, ele poderá revelar o seu Anticristo. A palavra “Arrebatamento” é “Rapture” em Inglês e vem da palavra grega “Harposia”, sendo um termo carinhoso no que se refere ao amor de Cristo pela Sua Noiva. Vejamos as razões para o Arrebatamento:

1. - Ele se encaixa na precedência bíblica do julgamento divino contra os ímpios, conforme o Salmo 37:5: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará”. Davi deixa claro que o nosso grande Deus jamais iria negar 6.000 anos de história e julgar a Sua igreja do mesmo modo terrível como julgará os ímpios, uma injustiça que não se encaixa no Seu caráter divino.

Quando veio o dilúvio mundial, antes do qual o mundo pagão debochava do justo Noé e de sua família, Noé achou graça diante do Senhor e foi salvo das águas, junto com a sua família. Hoje, a nossa ARCA é Cristo.

2. - Sodoma e Gomorra haviam descido ao mais repugnante nível de imoralidade sexual, quando Deus resolveu purificá-las através do fogo. Mas Ló e sua família (com exceção da esposa indecisa) foram salvos da destruição pelo fogo.

A igreja será julgada antes do mundo “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo”. (Hebreus 10:30) e “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pedro 4:17). Em Lucas 12:48-b, lemos: “...ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. Mas, o julgamento da igreja será diferente do julgamento usado no Velho Testamento e deve acontecer antes do julgamento dos judeus e do mundo gentílico.

3. - A Noiva de Cristo deve ser-Lhe apresentada numa cerimônia exclusiva, separada de todos os outros eventos dos últimos dias. A Redenção é muitíssimo mais do que um simples seguro contra o fogo. A raiz e o fundamento do amor de Deus pelo mundo, quando enviou o Seu Filho unigênito, foi o de constituir uma família. Uma família unida enternece o coração do Senhor. O convite à salvação é um convite às Bodas da Ceia do Cordeiro, uma reunião de família. A adoração nos leva a celebrar uma relação familiar com o nosso Criador e Pastor espiritual, quando celebramos o Seu amor, até que possamos comparecer diante dEle. Por enquanto nós nos comportamos como uma virgem, com ansiedade pela hora das bodas, quando iremos ver a face do Noivo amado.

Em Mateus 25:1-13, lemos a história das dez virgens e, no último verso, esta admoestação: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir”.

4. - Confiamos na Sua promessa de guardar a Noiva, no tempo da tribulação. Esta é uma garantia reservada exclusivamente aos filhos de Deus, adotados através de Cristo Jesus. O profeta Isaías fala dos episódios finais, referindo-se a Israel; junto com a nação judaica, os gentios foram abençoados com idênticas promessas. Leiamos Isaías 26:19-21: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos. Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque eis que o SENHOR sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniqüidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seu mortos”.

5. - O Arrebatamento Pré-Trib - é a única explicação razoável para o fato de que alguns serão levados e outros deixados para trás. Nenhuma outra explicação podemos ter para Mateus 24, no qual vemos a exclusão de pessoas não preparadas para o evento. Jesus admoestou sobre a rapidez do acontecimento, cujo dia Ele afirmou que somente o Pai conhecia, citando a semelhança com os dias de Noé: “Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro”. (Mateus 24:40-42).

Tentar diluir os ensinos do Senhor, como tem acontecido nas novas versões da Bíblia, é demonstrar desprezo pela verdade. Portanto, trata-se de uma enorme arrogância religiosa. A palavra para “vinda” é “parousia”, referindo-se à vinda do Senhor somente para os crentes, num local e tempo específicos. Já a palavra “apokalupsis” - usada nos versos 30-31 do mesmo capítulo - significa “revelação”, ou seja, a revelação da assombrosa santidade e glória do Senhor. Esta palavra está relacionada com a Sua volta para enfrentar a Batalha do Armagedom, após a qual, Cristo estabelecerá o Seu Reinado de Mil anos.

6. - Ele admoesta sobre o dia em que virá despercebido pelo mundo, mas percebido pelos que O estão aguardando. Estes versos são cruciais para que se estabeleça a “grande esperança” da igreja. Em Lucas 21:34-36, lemos esta admoestação de Jesus aos Seus discípulos de todas as eras: “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem”.

Se indagarmos a uma multidão que está na igreja, numa manhã de domingo, quantos crentes estão preparados para subir junto com o Senhor, dificilmente veremos mãos sinceramente levantadas. A maioria não terá ido aos estudos bíblicos semanais na igreja, tendo dado preferência às novelas e aos jogos da TV. A explicação para tal descaso com as coisas de Deus é que já estamos mergulhados na apostasia dos tempos finais e esquecemos a admoestação de Cristo, para que estejamos preparados.

Agora mesmo, Satanás está espalhando suas armadilhas de entretenimento (inclusive dentro da igreja), de prazer carnal e outras condenadas em Gálatas 5:19-21, para que nós, os cristãos, não olhemos “somente para Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12:2) e nos embrenhemos nos cuidados do mundo. Satanás era o anjo mais inteligente que Deus tinha em Seu reino celestial e sabe usar a inteligência para encher o seu reino infernal de almas enganadas pela sua astúcia.

7. Um agricultor costuma estar atento, a fim de que sua colheita seja feita antes da chegada do inverno, aproveitando o verão. Um provérbio do sábio Salomão diz: “O que ajunta no verão é filho ajuizado, mas o que dorme na sega é filho que envergonha”.

Isaías 57:1-c nos ensina: ”O justo é levado antes do mal”. Nos versos 3-5 do mesmo capítulo, lemos esta admoestação aos que preferem gozar as delícias mundanas: “Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, descendência adulterina, e de prostituição. De quem fazeis o vosso passatempo? Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não sois filhos da transgressão, descendência da falsidade, Que vos inflamais com os deuses debaixo de toda a árvore verde, e sacrificais os filhos nos ribeiros, nas fendas dos penhascos?” Estes versos poderiam ser facilmente aplicados aos líderes da prosperidade, que vivem “profetizando” maravilhas aos seus seguidores. A “árvore verde” desses pregadores ambiciosos são as notas verdes de dólares, que eles enviam para os paraísos fiscais.

8. - A Escritura Sagrada afirma enfaticamente que o Anticristo não poderá ser revelado antes que o Espírito Santo seja retirado da Terra, onde Ele habita, nos corações dos cristãos verdadeiros. Leiamos o que Paulo ensinou na 2 Tessalonicenses 2:6-8: “E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda”.

A presença do Espírito Santo funciona como uma barragem, impedindo que, com o rompimento da mesma, as águas poluídas de Satanás possam inundar o mundo, causando enorme destruição, com todos os tipos inimagináveis de desgraças físicas e espirituais...

Os novaerenses pregam a Era de Aquário, a qual bem poderia se encaixar no rompimento dessa barragem, inundando, com as águas rotas do pecado, os quatro cantos da Terra. Eles usam a expressão noutro sentido, mas Deus sabe o que ela realmente significa.

9. - A promessa do Senhor é clara. Ele vai arrebatar e encontrar os Seus amados nos ares. Paulo explica isto na 1 Tessalonicenses 4:16-18: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.

Como vemos, o Senhor não vai nos mandar Gabriel nem Miguel, mas Ele mesmo vai nos “puxar para cima”! Satanás está em total prontidão com as suas hostes malignas (ele é o príncipe das potestades do ar), pronto para atacar os que dormem. Ele anseia pelo momento em que Apocalipse 12:12 se torne uma realidade e ele possa descer à Terra, para fazer um enorme estrago. Ele é o maior exemplo de sadismo espiritual que alguém possa imaginar.

Conclusão: - Os que amam e servem ao Senhor Jesus Cristo, como o Senhor e Salvador de suas vidas, serão arrebatados, antes que o TERROR DOS TERRORES seja deslanchado sobre este mundo pecaminoso. O Arrebatamento vai acontecer antes da Grande Tribulação e, neste evento, os cristãos que amam a Vinda do Senhor, estão confiantes. Alegremos-nos na salvação que Cristo nos deu e vamos trabalhar para arrebatar alguns do fogo!



Mary Schultze, 23/09/2011 – www.maryschultze.com

Texto embasado no sermão do Pr. Joseph Chambers – “Nine Powerful Reasons”, de 21/09/2011.

29.1.11

A nova reforma protestante

Por Ricardo Alexandre / Matéria publicada na Revista Época

Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.



Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.

Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.


                                       
                                                     Irani Rosique (crédito: Revista Época)
 
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.

Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”

Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”

Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”

Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”


                                               Miguel Uchôa e bispo Robinson Cavalcanti,
                                              da Diocese do Recife (crédito: Revista Época)

Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”

No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis (leia o quadro na última pág.). Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.

“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”

Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”

Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.

Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.

O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”

A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”

Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.

Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.

O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”

A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”

Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”

O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.

Sites como Pavablog , Veshame Gospel , Irmãos.com , Púlpito Cristão , Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.

A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”



                                       Blogueiros se reunem para marchar pela ética evangélica
                                                               (crédito: Revista Época)

Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.

A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.

O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”

A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.


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Comentário de Leonardo Gonçalves:

O leitor do Púlpito Cristão sabe que não endossamos, sob nenhuma hipótese, o open theism (ou teologia relacional - pintam o poço, mas a água é a mesma) que transparece nos textos do Ricardo Gondim e de Ed René Kvitz, ao mesmo tempo que nos identificamos com Paulo Romeiro, Augustus Nicodemus e Ricardo Agreste, bem como apoiamos a marcha pela ética evangélica, realizada por Paulo e Vera nos dois últimos anos. Somos conservadores em nossa teologia, embora amplamente abertos ao debate cultural e novas perspectivas missiológicas.

Definitivamente não somos um grupo de teólogos liberais querendo modificar o cristianismo; somos cristãos apaixonados que buscam viver e ensinar a essência perdida do evangelho de Cristo. No entanto, a presente matéria é extremamente importante, pois nela fez-se distinção entre a liderança corrupta, mensaleira e vergonhosa, e crentes sinceros - ainda que imperfeitos, demonstrando que nem todo mundo é farinha do mesmo saco-gospel.

Espero (e oro) para que cada vez mais pessoas possam reconhecer essas diferenças, que mais gente entenda que existem pastores honrados, comunidades sérias e crentes pensantes - não intelectualóides, mas pensantes - que estão seriamente preocupados com os rumos da igreja evangélica brasileira.